segunda-feira, 28 de maio de 2012

PELO VALE DO COA (ENTRE CINCO VILAS E VALE DE MADEIRA)

Quando me iniciei nesta coisa do btt era bastante usual aventurar-me por estas bandas. 
Vindo de Pinhel, transpunha a Ribeira das Cabras na velha ponte romana prosseguindo depois pela calçada até ao Rio Coa, bem ao fundo de Vale de Madeira. A paisagem mudava, conforme a época do ano. Tanto podia ser de um verde intenso, como de um amarelo torrado característico de fim de verão. Mas era sempre diferente.
Chegado ao Rio, perdia-me por ali uma boa meia hora. Só eu e o silencio. Não se via viva alma.
Como eu gostava de fazer aquilo sozinho.
Uma vez aí, tinha duas alternativas: Ou atravessava o rio e seguia até à Reigada e que era o trajecto mais usual nos meses mais quentes ou seguia pela margem esquerda do rio onde, por passagem de difícil acesso, vinha desembocar nas ruínas das casas da antiga hidroeléctrica e daí até à ponte que liga Figueira C. Rodrigo a Pinhel pela EN 221, sempre pela margem esquerda, que era o que mais gostava de fazer (e tinha que fazer), sobretudo na época invernal.
Desde à uma boa meia dúzia de anos isto deixou de ser possível devido à construção de um enorme paredão no rio, exactamente no mesmo local onde em tempos já existira um outro da Hidroeléctrica.
Agora, quando descemos pela calçada romana o que vemos é um enorme lençol de água, que vai muito acima das ruínas da velha ponte romana (a de Cinco Vilas e que é mostrada na imagem abaixo).
É para mim uma das zonas mais espectaculares do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, embora inacessível para a grande maioria.
Lembro-me de, à uns bons anos atrás, andarmos com as bicicletas às costas pelo actual paredão, ainda em construção.
Numa outra ocasião, em volta que os intervenientes jamais esquecerão, depois de descermos a calçada romana e nos termos deparado com enorme lençol de água, andámos com as montadas de penedo em penedo, onde por certo nem as cabras se atreveriam a passar, mais de duas horas em desespero total, até conseguirmos transpor o tal paredão/açude. Ainda hoje tenho marcas nas pernas provocadas por essa passagem.
Há muito tempo que andava com vontade de "descobrir" uma nova passagem para a outra margem.
Aconteceu ontem.
Perto das 9,00 horas saímos de Figueira em direcção a Vilar Torpim, com passagem pela Reigada e daí até Cinco Vilas, de onde descemos em direcção ao Rio Coa, progredindo depois pela sua margem direita, onde podemos apreciá-lo em toda a sua plenitude e que, de todo, eu desconhecia.

(Pela margem direita do Rio Coa)

(Pequeno açude no Rio)

(Prosseguindo pelo vale do Coa)

(Apreciando a paisagem)

(A progressão, não sendo difícil, impunha alguns cuidados não fosse algum pedregulho danificar o material)


(Ao fundo, as ruínas da velha ponte romana)

(Enquanto um limpava o equipamento os outros apreciavam a paisagem)

(Atravessando o Rio por largo açude)











(Imagem cedida pelo Pedro Tondela)

(Imagem cedida pelo Pedro Tondela)

 (Imagem cedida pelo Pedro Tondela)

 (Imagem cedida pelo Pedro Tondela)


 (Imagem cedida pelo Pedro Tondela)

No açude de Vale de Madeira foi pura diversão. Todos repetiram a passagem. 
De inicio alguns cuidados, mas depois do Pedro Alcides ter passado, foi a diversão total. Foi o ponto alto do passeio.


Após o açude tínhamos duas opções: Ou tomávamos a calçada romana em direcção a Pinhel, ou seguíamos o alcatrão até Vale de Madeira. Optámos pelo alcatrão. A calçada ficou para uma próxima oportunidade.
Foi penar a bem penar até Vale de Madeira (Pinhel).

(Em Vale de Madeira)

(Pormenor de casa típica em Vale de madeira)


Em Vale de Madeira progredimos em direcção a Quinta Nova (Pinhel), onde não entrámos,  virando em direcção a nascente - à Srª de Monforte, onde por íngreme e violenta descida chegámos novamente à margem esquerda do Rio Coa.
(O Pedro Alcides sujeito a trabalhos forçados, demonstrando como se substitui uma câmara anti furo!!!)

(Perigosa descida em direcção ao Coa)

(Pormenor da Paisagem junto à Srª de Monforte)

(O leito do Rio Coa, com a Marofa ao longe)

(Na EN 221, sobre a ponte que liga Figueira C. Rodrigo a Pinhel)

(Em direcção ao Milheiro)

Chegados à Estrada Nacional e como o pessoal acusava alguma falta de água decidimos rumar até ao lugar de Milheiro onde reabastecemos seguindo depois até ao Colmeal velho (aldeia fantasma).


(Na aldeia fantasma do Colmeal)

No Colmeal largámos o nosso repórter que preferiu seguir por alcatrão até Figueira, enquanto o restante grupo penou Sarzeda acima até à base da Marofa e dali até Figueira C. Rodrigo onde deu por findo este dia de puro e duro btt.

Volta do mais espectacular que se pode fazer pelo concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e que, por certo, irá entrar no roteiro das nossas voltinhas domingueiras. Pena que só possa ser feita em época estival ou quando o rio apresentar um caudal mais reduzido.

Foram intervenientes nesta aventura:

Carlos Gonçalves
Alcides Lopes
To Condesso
Carlos Russo
Pedro Tondela
Luís Santos
Tó Bastos (que foi o repórter de serviço e que após longa ausência, por todos sentida, se juntou finalmente ao grupo).


Resumo do dia:

Distancia percorrida: 47,50 Km
Em 4,25 horas
parados: +/- 55 minutos;
Acumulado ascendente: 1209 m
Acumulado descendente: 1172 m

      Altimetria















Nota: as imagens e o vídeo apresentadas são da autoria do Tó Bastos e foram extraídas daqui

Pode visualizar ou descarregar o  Track aqui
 Nota: O track contem um percurso alternativo que é a calçada romana.

terça-feira, 22 de maio de 2012

11.º BTT DE ALMEIDA - NA ROTA DAS INVASÕES FRANCESAS

No passado Domingo, 20 de Maio, fomos virar a Almeida, que é como quem diz, fomos alinhar em mais uma edição da "Rota das Invasões Francesas".
Ultimamente tenho andado arredado dos ditos passeios organizados. Salvo raras e honrosas excepções, estão cada vez mais desinteressantes e cada vez mais onerosos (€€€).
Lembro-me que na edição de 2011, a partir do 1.º reabastecimento, quando chegámos à famosa Ponte dos Franceses, estávamos só nós (o grupo de Figueira C. Rodrigo) e assim continuámos até ao final, e não fomos dos últimos a chegar, bem longe disso, pois já tínhamos almoçado e ainda havia pessoal a chegar.
O mesmo tem acontecido nos raros passeios onde temos alinhado. Ou estás com o teu grupo ou ... pedalas sozinho.  
Portanto ... passeios para quê?
A camaradagem, o convívio e o companheirismo de outros tempos, tão característico desta modalidade, desapareceram do léxico da maioria dos actuais praticantes, apenas preocupados em fazer "tempos" e filmagens para despejar no youtube ou no facebook.
Tenho algum dó desta gente, que são assim como que uma espécie de atletas do "faz de conta" que não têm tomates para se inscrever nos campeonatos regionais ou até mesmo nacionais, onde de facto poderiam (e deveriam) mostrar todo o seu valor e vêem, depois, acalmar toda a sua incompetência para junto daqueles que fazem do btt uma actividade de puro lazer.
É evidente que isto só acontece porque as organizações também se prestam a isso!...
No passado Domingo descobri uma nova estirpe de praticantes: Os sofredores ou, para ser mais rigoroso, masoquistas. Que são aqueles que se aventuram pelo percurso mais longo e não têm sequer "pedalada" para fazer os 50 Kms. E não se pense que são assim tão poucos. Depois quem paga a conta são as equipas de bombeiros que andam numa roda viva a acudir a esta gente.
Dá dó ver esta gente corroída de dores (câimbras) ao fim de pouco mais de 30 Km!...
Desculpem-me estes "desabafos", mas esta é a minha ideia sobre os actuais "passeios" organizados.
Aceito que cada um tenha o seu ritmo, agora virem dizer que "eu fiz o 19.º tempo" ou "fiquei nos 10 primeiros" ou "Fiz xx horas e yy minutos" como se isso fosse preocupação maior ...

Quanto à edição deste ano, a novidade acabou mesmo por ser a travessia do rio Águeda numa pequena embarcação dos bombeiros locais.

Gostei de ver a rapaziada a molhar o pé no rio e a tirar a botinha e a meia (incluindo a minha pessoa)!!!

De Figueira saiu numeroso grupo, talvez mais de 20 praticantes, onde uns optaram pela distancia mais curta e outros, que foi a maioria, pela distancia longa.
A parte mais interessante do percurso é a descida à Ponte dos Franceses. Pena que só esteja acessível àqueles que optem pelo percurso mais longo.
Julgo que para a grande maioria o passeio decorreu sem quaisquer problemas ou incidentes e que a excepção foi mesmo para o Luís (chapeiro) que ficou de "roda livre" na subida da Ponte dos Franceses, após violento esforço nos pedais da sua montada e que viria a custar-lhe a parte restante do percurso.
 
 Mas a grande novidade acabou mesmo por ser a CUBE pintada de um azul celeste e preto (lindíssima), novinha e virgem, do Ricardo que veio, expressamente, de Matosinhos fazer a apresentação da dita para com ela efectuar a primeira investida em terra e que o Luís, já no final, se encarregou de levar ao tapete!!!...

Estou em crer que o pessoal se divertiu à brava, pena que a organização não nos tenha brindado com umas "bejecas" nos reabastecimentos. A reclamação foi feita em devida altura e julgo que não caiu em saco roto!...

Não fosse esta pequena falha e tudo estaria perfeito!... Marcações, reforços, banhos quentes (alguns até tiveram direito a balneários privativos...) e almoço *****.

Pena que a famosa ginginha da "Amélinha" estivesse tão inflacionada, fruto da grande procura do dia.

Para o ano que vem lá estaremos com toda a certeza.

Algumas imagens retiradas daqui





Mais umas fotos tiradas daqui
 (A rapaziada que produziu estas fotos deve ter-se divertido à grande, a avaliar pelas imagens e vídeos associados à presente galeria. É este o verdadeiro espírito dos passeios)


(Atravessando a Ribeira de Aguiar)

(Separação de percursos)

(Elementos decorativos da paisagem ... avestruzes?)





 Vejam, ainda, um fabuloso vídeo aqui


(O Pedro Alcides em grande estilo na subida da Ponte dos Franceses, sorrindo para a câmara)

(Idem para o Carlos Russo "Ninja", concentradíssimo!...)

(O que estaria a despertar a atenção do Pedro Tondela?)

(Os cavalos também se abatem!...)

Reparem na fotogenia (e charme) do Condesso! ...
(O autor altamente concentrado ... no adversário da frente!!!...)


(Reparem bem no azul celeste do equipamento do Ricardo!!!...)

(A rapaziada de Figueira C. Rodrigo esperando pelo barco)

(A lebre do Luís, que neste passeio funcionou mais como uma sombra!!!...)

Como me esqueci de colocar o GPS no respectivo suporte não tenho o registo do TRACK, no entanto os mais exigentes pode consultar o que foi disponibilizado pela organização aqui.

Mais um belo vídeo que pode ser visualizado aqui

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O CAMINHO CENTRAL PORTUGUÊS - PEREGRINAR (OU TALVEZ NÃO)

Começo por agradecer publicamente ao Município de Figueira de Castelo Rodrigo pelo apoio incondicional que nos concedeu, disponibilizando-nos duas viaturas e respectivos motoristas para nos transportar até ao Porto, onde iniciámos a nossa viagem e no regresso, desde Muxia, onde terminámos o caminho.

Não é meu propósito contar aqui a história do Caminho, até porque não será difícil obtê-la. Uma busca rápida na NET sanará a dúvida aos mais exigentes.
É evidente que nada surge por acaso e as peregrinações também não são a excepção.
Já na Alta Idade Média existia uma rota (de peregrinação) que ia do extremo Este ao Oeste da Ibéria e que tinha o seu terminus em Finisterra (fim da terra). Este velho caminho mais não simbolizava do que a "viagem" do astro rei de oriente para ocidente, submergindo nas águas atlânticas da Finisterra.
Seria, portanto, uma rota com origens pagãs em honra ao deus sol.
No Sec. XII surge o primeiro guia do peregrino (do caminho francês), o Códice Calixtino ou Liber Sancti Jacobi, cuja elaboração é atribuída ao Papa Calixto II. O mesmo que, no ano de 1122, proclamou o 25 de Julho como dia do Santo Compostelano. Foi, no entanto, o Papa Alexandre III que, em 1179, estabeleceu que o Ano Santo se celebrasse, apenas, nos anos em que a data coincidisse com um Domingo.
O último Ano Santo aconteceu em 2004 e o próximo ocorrerá em 2021, 2027 ...
Mas como em tudo na vida O Caminho tem tido os seus declinios. A peste negra, a grande cisão entre protestantes e católicos e, mais tarde, a revolução industrial, contribuíram sobremaneira para essa fase menos boa.
Actualmente as peregrinações, fruto do grande investimento efectuado pelas Juntas Autónomas e do governo central espanhol, parecem estar no seu esplendor máximo.
Se nos lembrarmos que o Caminho foi declarado Conjunto Histórico-Artístico em 1962 e que Santiago de Compostela foi declarada Património da Humanidade pela UNESCO em 1985 e que o Caminho foi reconhecido como Primeiro Itinerário Cultural Europeu em 1987 pelo Conselho da Europa, facilmente nos aperceberemos do porquê da grande movimentação de pessoas pelos Caminhos Jacobitas.

Foi imbuídos de espírito de aventura  que, também, nós fizemos o "Caminho Xacobeu Português" a que juntámos o "Fim do Caminho", Santiago - Finisterra - Muxia.

É costume dizer-se que quem faz o "Caminho" nunca mais pára. Será o meu caso? Não sei. Mas esta foi a minha segunda rota jacobeia. O primeiro foi o Caminho Sanabrês, em 2009, com inicio em Bragança,

Os protagonistas desta aventura:

Carlos Gonçalves
Tó Condesso
Luís Santos (Chapeiro)
 Alcides Lopes
Pedro Tondela (o elemento mais novo do grupo)
Pedro Fresta
Carlos Russo "Ninja"
David Panta
Bruno Russo

Dia 26 de Abril de 2012: Porto - Ponte de Lima (88,8 Km)

Resumo do dia:
Distancia percorrida - +/- 90 Km
Em cerca de 10,30 Horas, das quais
Em movimento: 6,20 horas
Paragens: 4,10 horas
Acumulado ascendente: 1441 m
Acumulado descendente: 1598 m

Altimetria:


Etapa rolante, por vezes monótona, feita na sua quase totalidade em alcatrão e paralelos.

Este 1.º dia começou cedo. Pelas 5,00 horas saímos de Figueira C. Rodrigo, em direcção ao Porto, onde chegámos um pouco antes das 8,00 horas.
Como era dia útil decidimos descarregar todo o material (bicicletas, mochilas, sacos, etc.) em Gaia, na Av. da República, bem junto ao "El Corte Inglês" e fazer a travessia do Douro pelo tabuleiro superior da ponte D. Luis em direcção à Sé do Porto onde (verdadeiramente) iniciámos o caminho.

(Sobre a ponte D. Luís)

Na Sé tivemos calorosa recepção de dois figueirenses: O Irmão e cunhada do Bruno Russo.

 
(Junto à Sé, no Porto)

Nesta fase inicial o "Caminho" está muito bem sinalizado. Basta seguir as "flechas" amarelas. No entanto sente-se que não é nada fácil circular pelo Porto com alforges ou mochila!...
Descer escadas, subir escadas, ruelas estreitas, sentidos proibidos, transito intenso...
O 1.º grande obstáculo do dia foi transpor o separador central da E.N. 13, bem junto à Maia.
Extremamente perigosa. Será que não há outras alternativas a esta passagem?

(Passagem perigosa na E.N. 13)

A partir daqui não foi nada fácil acertar com a marcação. Chegámos a encontrar setas no mesmo local, uma indicando a direita outra a esquerda. Aqui o nosso maior erro foi não seguir o "track" sinalizado no GPS, que se revelou um auxiliar precioso nesta parte da etapa.
Com ajuda do GPS lá conseguimos acertar no trajecto.
Pelas 11,00 horas um (um não, mas sim três) encontro inesperado, que de todo desconhecia e estaria bem longe de imaginar que pudesse ocorrer por aquelas bandas e muito menos àquela hora do dia.
Ó miséria a quanto obrigas!...
Depois de uma troca de galhardetes com as "meninas" seguimos o nosso caminho.
(Em Arcos após a passagem da velha ponte)

Como o Pedro Alcides viajava sem credencial e quando saímos do Porto a catedral ainda estava fechada parámos em Rates, onde recolhemos um carimbo e obtivemos o tão desejado salvo conduto.
 O almoço aconteceu em Barcelos, onde era dia de feira.
À entrada, em Barcelinhos, recolhemos alguma informação sobre onde almoçar, tendo-nos sido indicado um restaurante no centro da cidade que localizámos com alguma facilidade.
Almoço para esquecer: A escolha recaiu sobre frango no churrasco para todos com excepção para o Alcides que optou (e bem) por uma refeição de peixe. Uma autentica roubalheira. Pagámos 11,00 € por uma dose de frango assado com batatas fritas, encharcadas em óleo queimado.
Aqui o Tó Condesso ligou a um camarada de profissão, que se encontrou connosco no restaurante e com quem estivemos em amena cavaqueira por largos minutos.
Nota que merece destaque foi a grande quantidade de peregrinos que fazia o "Caminho" a pé e que na sua quase totalidade era de nacionalidade estrangeira: italianos, franceses, alemães, holandeses... e estes a grande maioria do sexo feminino, que conferimos ser dominante em todo o Caminho.
Se a memória não me falha, neste primeiro dia apenas nos cruzámos com três peregrinos portugueses.
Nesta etapa há a registar apenas um furo na roda de trás da montada do Pantinha, prontamente resolvida com um eficaz "tapa-furos" em spray.

(O David a injectar o tapa-furos)

Pelas 18,00 horas já estávamos em Ponte de Lima, onde pernoitámos na Pousada da Juventude.
As Pousadas da Juventude constituem uma óptima alternativa aos albergues.
Dormimos em dois quartos, com dois beliches cada, com a excepção do nosso, que tinha uma cama extra, para podermos ficar todos juntos.
O custo da dormida foi de 10,80 €, com pequeno almoço incluído.
O Jantar do dia aconteceu no "Continente" de Ponte de Lima, onde num "buffet" provocámos um pequeno caos. Esgotámos o pão!...
Valeu a simpatia das meninas, que se revelaram incansáveis e que ainda hoje devem estar a suspirar por estes clientes!!!
O maior contratempo do dia acabou por ser a eliminação do Sporting (SCP) da Liga Europa, na casa do Athletic Bilbao.
Uns atiraram com os cachecóis ao rio ... outros, os sofredores, carregaram o fardo durante todo o caminho.
Como ninguém é perfeito ...
A 1ª parte do jogo foi visionada no "Continente" e a 2ª na Pousada da Juventude.
Eram 23,00 horas quando tocou a recolher.
Como não havia nada para festejar!...
 

(os maluquinhos da NET na pousada da juventude)

(Vídeo com o resumo do dia, elaborado pelo "Ninja")



Dia 27 de Abril de 2012: Ponte de Lima - Pontevedra (88,7 Km)

Resumo do dia:
Distancia percorrida - +/- 90 Km
Em 11,23 Horas, das quais
Em movimento: 7,35 horas
Paragens: 4,00 horas
Acumulado ascendente: 2018 m
Acumulado descendente: 2023 m

Altimetria:

 O gráfico da áltimetria é extremamente enganador.
Para mim foi aqui que começou verdadeiramente o "Caminho". Etapa demolidora e com um grau de dificuldade física e técnica merecedora de nota máxima, que numa escala de 1 a 5 eu classificaria de 5 em ambos os itens.
Foi a etapa rainha do Caminho. Paisagens únicas. O Minho em todo o seu esplendor, sendo a água o elemento dominante.


(O grupo junto à ponte velha em Ponte de Lima)


(Pormenor do inicio do 2.º dia, em Ponte de Lima)


A alvorada aconteceu à 6,00 horas, com o pequeno almoço, servido na Pousada da Juventude, marcado de véspera para as 6,30 horas.
Pelas 7,00 horas iniciámos a etapa.
O dia praticamente começou com lama até aos joelhos.
Bem, depois apareceu a Labruja.
Com o inicio da etapa começam os primeiros sintomas de fadiga no suporte do Luís e do Pedro Fresta.
O Pedro lá foi conseguindo solucionar o problema.
Quanto ao Luís, o suporte cedeu. Partiu logo no inicio da subida da Labruja.
Em situações normais seria caso para apreensão, no entanto o "Ninja" descobriu a solução num instante. Como o David levava um "menir" (assim passámos a designar as mochilas, numa alusão à casa dos segredos da TVI) e suporte a solução encontrada e que se viria a tornar definitiva seria o Luís carregar o "menir" do David e este os alforges do Luís.
 Merece destaque o elevado número de peregrinos que se deslocavam a pé e com quem nos íamos cruzando, alguns deles bem mais rápidos do que nós nesta fase percurso.


(Passando por baixo da A3)


(Na subida da Labruja, onde já se vê o Luís carregando o "menir" do Panta)


(Duas peregrinas apreciando as habilidades do David!!!)

(Os dois cotas posando para a câmara!!!)

(O martírio da Labruja continuava...)

(Mais um pormenor da Labruja)

Nesta fase do percurso a progressão era tão lenta que cheguei a duvidar que cumpríssemos  o objectivo - Pontevedra.
 Depois das subidas fatigantes seguiram-se as descidas estonteantes. Pura adrenalina.
Chegámos a ter assistência, completamente rendida às nossas habilidades.
Não fosse o receio de quebra dos suportes (e outros estragos maiores) e estou em crer que daríamos um autêntico "show" de bike.



(O Bruno também carregava um "menir"!!!)


(O "Ninja" transpondo mais um obstáculo!!!)

(Reparem no braço direito do David)


(O caminho, algo intimidante, faz-se ... caminhando)


Já bem perto de Valença o 1.º contratempo do dia: O Pedro Fresta rebentou a corrente da Bicicleta.
 Nada que intimidasse o grupo. Passados alguns minutos o "Ninja", nosso mecânico oficial, tinha a avaria solucionada.

(Reparem no profissionalismo do "Ninja")


(O grupo pisando solo espanhol pela primeira vez, em Tui)

Chegámos ao albergue de Tui por volta das 12,45 Horas, com cerca de 38 Km percorridos.
Aí conseguimos o tão desejado carimbo, mas só depois de preenchidas as credenciais com os nossos dados pessoais, dada a irredutibilidade da responsável pelo albergue, o que nos obrigou a uma pausa bem mais longa.
 Em Tui, logo após a passagem da ponte sobre o rio Minho, aproveitámos para uma lavagem rápida das montadas, que já vinham acumulando lama em excesso, e o Pedro aproveitou a oportunidade para meter uma corrente nova na sua bike.

(Bonito pormenor das montadas de um grupo português, que almoçava junto da catedral de Tui)


A partir daqui os trilhos começaram a ser bem mais rolantes.
Em Redondela, onde chegámos por volta das 16,15 horas, mais um carimbo no albergue municipal. 
Aqui tomámos contacto com um numeroso grupo de portugueses que, tal como nós também progredia de bike, e que nos deixou algo apreensivos com a informação de que o albergue de Pontevedra estaria esgotado, tal como o de Redondela.
Ainda hesitámos por breves instantes mas, depois de breve conferencia, decidimos prosseguir o Caminho.
A paisagem continuava soberba. 

(Pormenor da Ria de Vigo)

(Transpondo a Auto Via do Atlântico, junto a Purriño, pela passagem superior)

O almoço do dia aconteceu à porta de um hipermercado (Lidel???), em Porriño, onde também estavam outros dois peregrinos portugueses que, tal como nós, também se deslocavam de bike e almoçavam no mesmo local..
Até Pontevedra os trilhos continuavam um regalo para a vista e para o olfacto, pois já se sentia o cheiro a mar, que estava logo ali à nossa esquerda.

 (Por detrás do Panta está o mar)

Logo a seguir a Arcade, depois de transposto o rio, nova lavagem das bikes, aproveitando a simpatia de um particular, que gentilmente nos emprestou a mangueira. É este o verdadeiro espírito do "Camiño Xacobeu".



Pelas 18,30 estávamos no albergue de Pontevedra
Aqui travei conhecimento com dois irmãos holandeses, um com 63 anos e o outro um pouco mais velho, com 67 anos, que já vinham desde Sevilha (pela Via de la Plata???), tendo derivado em Badajoz/Elvas para Portugal, fazendo o seu próprio caminho "on road", sendo que o mais novo se deslocava de bike e o mais velho de carro. Primeiro aceitei mas depois estranhei.
No albergue cozinharam o seu próprio jantar, que cheirava muito bem, diga-se. Ainda lhes ofereci uma lata de sardinhas picantes "made in Portugal", que gentilmente agradeceram.
Sem qualquer margem para duvida que se tratava de dois falsos peregrinos. É normal encontrar destes "pés descalços" nos albergues. A estratégia é muito simples: Munidos de credenciais, que vão carimbando onde podem, e com uma viatura de apoio, vão-se deslocando de albergue em albergue, deixando a viatura nas proximidades, carregando, depois, as mochilas até ao local onde vão pernoitar e aí estão eles a fazer o que gostam quase de borla, já que apenas precisam de cama, banho e cozinha.
Esta estratégia é usada, sobretudo pelos "pés descalços" dos países do norte da Europa.
O Albergue de Pontevedra tem óptimas condições. Extremamente limpo. Os dormitórios são excelentes. Tem lavagem para as bicicletas e, julgo, que com algum jeito se consegue local coberto para as guardar. As nossas, por indicação expressa, ficaram debaixo do alpendre bem junto da nossa camarata.

Aqui tivemos que partilhar o dormitório com mais seis peregrinos, todos de nacionalidade portuguesa, sendo que quatro deles, da zona de Lisboa, se deslocavam a pé, e os outros dois em bike. Tanto uns como os outros faziam o caminho sem pressas aparentes.
Os quatro de Lisboa, viríamos a encontrámos-los novamente em Santiago já depois de termos feito Santiago - Finisterra - Muxia.

Banho tomado e roupa lavada no corpo, fomos à procura de Jantar. Uma vez mais muito mal aviados.
Como os albergues encerram muito cedo, às 22,00 horas,  valeu-nos a simpatia de uma das peregrinas de que atrás falei e que se prontificou a abrir-nos o portão exterior do albergue, fora de horas, mediante prévio contacto via telemóvel.
Deveriam ser 23,00 horas (meia noite em Espanha) quando nos abriu as portas.


(Vídeo com o resumo do dia, elaborado pelo "Ninja")

Dia 28 de Abril de 2012: Pontevedra - Santiago (66,7 Km)

Resumo do dia:
Distancia percorrida - +/- 67 Km
Em 8,45 Horas, das quais
Em movimento: 5,15 horas
Paragens: 3,30 horas
Acumulado ascendente: 1429 m
Acumulado descendente: 1219 m

Altimetria:


A altimetria não deixa duvidas.

Neste 3.º dia do Caminho já se começavam a "sentir" as pernas.
Como tal e considerando que tínhamos o dia todo para percorrer o que faltava do Caminho Central Português a alvorada aconteceu pelas 6,30 horas, e o inicio da etapa por volta das 7,00 horas.
Muitos peregrinos no caminho, sobretudo a pé. Muitos deles portugueses.
A primeira grande asneira do dia foi termos saído do albergue sem tomar o pequeno-almoço, principalmente os mais novos, que sentiram, e de que maneira, a sua falta. Descarregaram completamente as baterias.
Tal só viria a acontecer por volta do Km 10 da etapa, num lugarejo de nome San Mauro???.

(Tomando o pequeno almoço em San Mauro)


(Com uma agricultora local e duas peregrinas portuguesas, de Braga, e que faziam o caminho nas calmas)

Neste inicio de etapa, sempre num sobe e desce constante à beira da auto-estrada, em trilhos extremamente rápidos, às tantas o pessoal entusiasmou-se com uma curta descida que tinha na base uma acentuada valeta revestida com peças graníticas, tão comuns em todo o caminho espanhol. Após forte pancada verificámos que um dos apoios do suporte da bike do Tondela tinha cedido. Resolvido o incidente toca a dar ao pedal.
Em Cruceiro, junto à N 550, parámos para mais um "bocadilho" num bar à beira da estrada, onde já estava o Gustave (o holandês de que atrás falei) com a sua GIANT blvd.
Em Valga fomos surpreendidos por duas meninas da Protecção Civil local, extremamente simpáticas e cúmplices, como demonstram as imagens.

(O Condesso completamente rendido à simpatia da menina beijoqueira, que na imagem abaixo aparece do direito)


(Com os elementos da Protecção Civil)

Em Padron mais uma paragem técnica para almoço.


(Chegando ao centro de Padron)


(O grupo em Padron)

(Em Padron, experimentámos os famosos pimentos)

O almoço do dia aconteceu em esplanada à beira rio e consistiu no resto do chouriço, queijo e sardinhas que transportávamos desde o inicio do Caminho e que partilhámos com quatro peregrinos portugueses, de Braga, e que faziam o caminho a pé e que conheciam Figueira C. Rodrigo, quando haviam feito a Grande Rota das Aldeias Históricas (GR22), em 2005.
Faltavam 15 minutos para a uma da tarde quando nos fizemos novamente ao Caminho.
A paisagem continuava soberba.

(Junto a um "horreo")

Por volta das 15,30 Horas entrámos na Praça do Obradoiro, em Santiago de Compostela, onde já estava o famoso holandês Gustave.
Reparem como o Gustave, ficando sempre para trás, se antecipava e chegava sempre à nossa frente, sem nunca nos ultrpassar.


(Em Santiago, junto à catedral, já com o "penetra" Gustave)


 (Outra vez com o holandês)

(Pedalando na Praça do Obradoiro, em frente à catedral)

Apesar da instabilidade meteorológica cumpre referir que nestes cinco dias conseguimos chegar sempre sequinhos  aos locais de destino.
Em Santiago, assim que chegámos à Praça do Obradoiro "armou-se" uma valente trovoada, que em muito nos dificultou a tarefa de procurar dormida.
Já foi sob chuva intensa que nos dirigimos à Oficina do Peregrino para obter a tão desejada "Compostela".
Não foi fácil conseguir um local decente para pernoitar em Santiago.
Após longa espera em frente à catedral, e depois de eu ter procurado em duas hospedarias, fomos abordados por um angariador que se disponibilizou para nos ajudar. Como éramos muitos  teríamos que ficar separados.
Assim, O Luís e o David, porque um transportava o material do outro, acompanharam esse tal angariador que os acomodou condignamente, segundo os próprios, pois aí passaram a noite.
O restante grupo, após longa espera, foi dirigido para uma outra hospedaria, que se verificou não ter lugares disponíveis.
Nova tentativa, sempre debaixo de chuva intensa, desta vez onde eu já tinha estado. Ali havia lugares para todos, com uma condição: Ficaríamos dois a dois e teríamos que partilhar camas de casal, com excepção do Pedro Fresta, que, por sofrer de roncopatia, ficaria no único quarto individual disponível. Cada um teria que desembolsar 20,00 €. Aquilo era uma autentica espelunca, pelo que recusámos, depois de uma troca azeda de palavras.
Este filme fez-me lembrar cenas com os pobres dos turistas que nos visitam na época das amendoeiras em flor.
Sempre debaixo de chuva fomos procurando até que conseguimos no Hotel Hesperia II, bem pertinho da Catedral e com óptimas instalações. Melhor era impossível.

(Veja-se o tratamento VIP que tiveram as nossas bikes no hotel Hesperia II)

(Viedo com o resumo do dia, elaborado pelo "Ninja")
  
Dia 29 de Abril de 2012: Santiago - Finisterra (97,3 Km)

Resumo do dia:
Distancia percorrida - +/- 100 Km
Em 11,40 Horas, das quais
Em movimento: 7,10 horas
Paragens: 4,30 horas
Acumulado ascendente: 2058 m
Acumulado descendente: 2305 m

Altimetria:


Mais uma vez o gráfico é mentiroso, pois já foi obtido depois de editado o trajecto.

Este 4.º dia de pedalada foi, quanto a mim, o mais duro de todos.
O pessoal começou este 4.º dia aliviado de grande parte do fardo que transportava, que ficou à guarda do hotel até 2ª feira, após o regresso de Muxia.
Deve ser referido que o grupo encarou este 4.º dia extremamente relaxado. O objectivo seria chegar ao "Fin da Ruta Xacobeia" em Finisterra, mas se tal não fosse possível a pernoita estava prevista para Oliveiroa. Uma espécie de plano B, que implicaria fazer 60 Km no dia seguinte.
Como o grupo tinha ficado separado, o ponto de encontro aconteceu pelas 8,00 horas, na Praça do Obradoiro, em frente à catedral, onde reagrupámos e de onde partimos à procura do pequeno almoço.
A saída de Santiago, pela Praça do Obradoiro em frente à Catedral, em direcção a poente, aconteceu um pouco antes das 9,00 horas.
Os trilhos até Finisterra são espectaculares e a paisagem é um regalo para a vista, como mostram as imagens seguintes.

(Com Santiago ao fundo)

(Transpondo um obstáculo)

A fase inicial da etapa foi extremamente demolidora, as subidas, eram autenticas paredes e pareciam nunca ter fim.
Algumas até tinham bancos, bem espaçados entre si, para permitir o descanso dos peregrinos.
Em Ponte Maceira foi este o espectáculo que nos foi oferecido:






(Ensaiando umas brincadeiras, parece fácil, mas com alforges tudo se complica!)

(E alguns a não arriscaram...)

Logo após Ponte Maceira tivemos de nos abrigar do granizo, que por largos minutos caiu com alguma intensidade.
Nesta etapa o verde dos campos é uma constante e o cheiro a ureia e nitratos, em virtude da prática de uma pecuária super intensiva, chegam a ser incomodativos.
O almoço do dia aconteceu algures entre Ponte Maceira e Ponte Oliveira, num bar, já apinhado de peregrinos e outros galegos extremamente ruidosos, que nos serviu uns bocadilhos divinais.


(A pausa depois de almoço)

Em Ponte Oliveira paragem demorada para uma "canha" e substituição das pastilhas do travão da roda de trás da montada do Pedro Tondela, que já vinham dando sinais de acentuado desgaste.


Enquanto uns sujavam as mãos no equipamento outros distribuíam charme e apanhavam banhos de sol.



(O Luís e o Condesso "quebrando o gelo" com uma italiana, que já tinha feito parte do caminho do norte!!!)


(O Ninja, por breves minutos também largou as ferramentas!...)

(O Condesso conquistando uma foto e ... um sorriso)


(Esta é para mim uma das imagens que irei reter da etapa)

Antes da descida para Cee há a registar um furo na montada do Pedro Fresta.

(Algures no "Fim do Caminho")

(Na separação de percursos, para esquerda fica a Finisterra, para a direita segue-se em direcção a Muxia)


(Mais um encontro inesperado)


(Ao fundo o cabo da Finisterra e as águas salgadas do atlântico)


(Antes de Cee uma descida estonteante e extremamente técnica que deixou água na boca ao pessoal)

Na baía de  Cee, enquanto uns rodavam sobre as areias da baía e molhavam o pé nas águas do atlântico, outros aproveitaram para fazer mais umas habilidades, como ficou registado na imagem que se segue


A partir de Cee e até Finisterra roda-se sempre à beira mar por eco-pista e alcatrão.
Em Finisterra, onde devemos ter chegado por volta das 19,00 horas (hora de Portugal), começa mais uma grande confusão.
À chegada e antes de ir ao farol, local onde verdadeiramente termina o caminho, aproveitei para fazer reserva de quartos num hotel local, bem no centro daquela pequena localidade.
Na ida ao farol devemos ter perdido uma hora.
Quando regressámos, dirigimo-nos ao hotel para recolher informação sobre a localização do albergue municipal, a fim de obter a tão desejada "Finisterrana". No albergue gera-se um mal-entendido com alguns a querer aí pernoitar, chegando mesmo a pagar a estadia.
No meio desta confusão o Alcides Lopes desloca-se ao hotel com o intuito de desmarcar as reservas entretanto efectuadas. Entre intensa troca de telefonemas e ameaças do tipo "chamo a policia" acabámos por ficar no hotel, ouvindo ainda uma valente reprimenda da responsável (que era das que têm pelo na venta) do hotel.
Vá lá que a menina do albergue foi colaborante e devolveu o dinheiro das pernoitas pagas.
Acabámos por ficar extremamente bem instalados e estou em crer que tomámos a opção certa pois a etapa foi extremamente exigente e desgastante em termos físicos.
Dormir num albergue não é a mesma coisa que dormir num bom quarto!...
O pessoal apenas queria poupar uma coroas!...
O certo é que acabámos por gastar o mesmo, pois no dia seguinte tomámos o  pequeno-almoço nesse hotel por apenas 3,5 euros.
O jantar, fora de horas, começou por prometer muito, mas acabou em mais uma decepção. Muito mal atendidos.

(O grupo no cabo da Finisterra)

(Imagem que simboliza o fim do caminho)

Aqui reza a tradição que o peregrino deverá queimar as suas vestes.
Nós não cumprimos a tradição, pois ainda tínhamos que fazer o caminho até Muxia.
Em bom rigor, deveríamos ir primeiro a Muxia e finalizar na Finisterra, só que o percurso seria-nos bem menos favorável.
Esta etapa viria a revelar-se extremamente demolidora e desgastante em termos físicos, mas valeu cada caloria que investimos no esforço.
Para eternamente recordar.

(Vídeo com o resumo do dia, elaborado pelo "Ninja")

Dia 30 de Abril de 2012: Finisterra - Muxia (30 Km)

Resumo do dia:
Distancia percorrida: +/- 30 Km
Em 2,40 Horas, das quais
Paragens: +/- 15 minutos
Acumulado ascendente: 805 m
Acumulado descendente: 805 m

Altimetria:



Começamos a pedalar um pouco antes da 9,00 horas.
À saída de Finisterra a chuva ainda ameaçou mas não passou disso mesmo.
Como já não havia "pernas", neste último dia qualquer plano inclinado ascendente nos parecia uma autentica parede. Este facto condicionou um pouco o andamento num percurso extremamente agradável, sempre à beira mar, mas que não desfrutámos plenamente devido a limitações físicas.
Este parte do "Caminho" pode ser feita nos dois sentidos.
Daí que os menos avisados tenham estranhado a posição das vieiras nas marcações, que estão sempre na vertical.
 O que acabamos por confirmar no terreno já que encontrámos peregrinos nos dois sentidos. Cruzámo-nos, mesmo, com alguns peregrinos que faziam o caminho no sentido inverso ao nosso e com uns portugueses que faziam o caminho no sentido Finisterra - Muxia.
Logo após Lires era suposto atravessar o rio a vau, no entanto fomos surpreendidos com uma passagem  superior. Uma ponte recém construída. Mesmo assim a rapaziada entusiasmou-se e ainda ensaiou a passagem sobre as poldras, tendo o Luís aproveitado para dar um banho à sua montada.
Na ausência da ponte bem que teríamos que fazer o caminho alternativo pois o caudal do rio apresentava-se bastante elevado.







A chegada a Muxia aconteceu pelas 11,30 horas, sob forte ameaça de chuva.
Mas ainda deu para fazer uma visita rápida ao "Santuário de la Virgen de la Barca" onde verdadeiramente demos por finda esta peregrinação.
Contrariamente ao que seria espectável, aqui senti que o pessoal se emocionou.
Isto é o "Caminho".
Já foi sob chuva intensa que carregamos as bikes nos carros que nos haviam de trazer de volta a Figueira de Castelo Rodrigo.
Como chovia intensamente nem nos demos ao trabalho de recolher a "Muxiana" no posto de turismo local, mas que não deve ter ficado esquecida, julgo eu..

Ficam algumas imagens do fim do caminho:





(Junto ao "Santuario da Virxe da Barca" onde terminei o caminho - que não mais irei esquecer)


De regresso a Santiago de Compostela onde, na Praça do Obradoiro em frente à catedral, demos as boas vindas aos nossos compatriotas e amigos Rui Melo, Nuno, Oliveira, Zé Paula, Pedro Quelhas e Paulo Brás, da Guarda, que tinham acabado de percorrer o "Camiño Xacobeu Português".
No que restou da tarde o pessoal aproveitou para uma longa visita à catedral, onde fomos surpreendidos pro forte aparato policial, que viemos a verificar se ficou a dever à visita do "patrão da Europa" o Sr. Wolfgang Schauble, ministro das finanças da Alemanha, no qual ainda tropeçámos, e à parte antiga da Cidade onde efectuámos algumas compras de ocasião.

 (O pessoal da Guarda)


(Para que conste)

A pernoita aconteceu em Santiago, onde na noite de 30 de Abril para 1 de Maio o pessoal descomprimiu totalmente e afogou as mágoas com alguns excessos.

Dia 1 de Maio foi dia de regresso às origens.
A chegada a Figueira de Castelo Rodrigo deu-se pela hora do almoço.

Cinco dias de aventura que se saldaram nestes pequenos percalços:
- Um suporte partido;
- Uma corrente rebentada;
- Um par de pastilhas de travão substituídas;
- Um raio partido;
- Dois furos.

Conclusão:
Não foi difícil rumar com estes nove aventureiros pelos caminhos de Santiago. O Grupo era bastante heterogéneo e como tal por vezes as opiniões divergiam, como ficou bem patente na presente reportagem.
Mas, quanto a mim, as maiores dificuldades eram sentidas nos bares, restaurantes e albergues por onde passávamos. Não é fácil arranjar comida, dormida, banhos e outras coisas para um grupo tão grande.
Não deixávamos ninguém indiferente à nossa passagem.
Os percursos são todos ciclaveis, onde nos superámos na subida da Labruja, que vai muito além do imaginável.
O verdadeiro "Caminho", para nós, começou, sem qualquer margem para duvidas, em Ponte de Lima e terminou em Muxia.
São trilhos com muita sombra e como tal devem ser efectuados, preferencialmente, no Verão e com uma viatura de apoio, para se poder tirar todo o prazer dos mesmos.
Esta foi a minha segunda rota jabobeia, que em termos de dificuldade física em nada se compara com o Caminho Sanabrês, efectuado em 2009. no entanto, desde já garanto: Não mais voltarei a fazer outro "Camiño" sem carro de apoio.
Os "Camiños" são para desfrutar, para tirar prazer, não para carregar fardos.

O Caminho Santiago - Finisterra é para repetir, mas a começar em Santiago e só com uma pequena mochila às costas.

Quanto ao Caminho Central Português, o troço Ponte de Lima - Pontevedra sonho com ele e garanto-vos que vou repeti-lo em breve, só que até Ponte de Lima vou de carro e com a bike no tejadilho.

Outras aventuras se seguirão mas nunca com um tão elevado numero de intervenientes.


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