terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Levar a Carta a Garcia

Com toda a certeza do mundo direi que já todos ouviram esta famosa expressão. E, também, com a mesma certeza direi que todos (ou quase) sabem o seu significado, que mais não é do cumprir eficaz e eficientemente determinada missão, por mais difícil ou impossível que possa parecer. O que com toda de certeza direi é que muito poucos saberão é do episódio que lhe esteve na origem:

O episódio, divulgado por Elbert Hulbard em 1899, ocorreu durante a guerra entre os EUA e a Espanha, a propósito da invasão e colonização de Cuba pelos espanhóis. À data, o Presidente Americano, Mackinley, precisou de contactar um dos cabecilhas da guerrilha cubana, o comandante Garcia. Coube a responsabilidade a um tal soldado Rowan que teve por missão fazer chegar uma carta ao comandante rebelde, algures em território cubano. Pelo que se conta, Rowan, sem nada perguntar, meteu a missiva numa bolsa impermeável e partiu para Cuba. Quatro dias depois, a missiva foi entregue ao comandante Garcia, tendo Rowan regressado aos EUA para dar conta do êxito da missão junto do seu Presidente.
Lembrei-me desta pequena história a propósito da "voltinha" que efectuámos no do passado Domingo, 17 de Fevereiro.
Sempre que pedalamos até San Felices de los Gallegos o "Lagar del Mudo" é de visita obrigatória, no entanto a sua responsável nunca nos cobrou um cêntimo, que fosse. Numa dessas visitas (e porque também sou produtor) prometi-lhe uma garrafa do "meu" azeite
A garrafa estava reservada  há já algum tempo, só que ainda não tinha surgido a oportunidade de lha fazer chegar!...
Aconteceu no Domingo.
O trajecto previamente idealizado para este Domingo era nada mais nada menos que o "Sendero del Agueda" ou GR 14.1, com inicio e termo em Figueira. 90 Km de puro e duro btt, com cerca de 2000 m D+. Só que os calendários da rapaziada têm andado extremamente preenchidos e não tem sido nada fácil acertar com uma data. Ainda no Sábado passado o Carlos Russo, Pedro Tondela e o Élio Simões estiveram em Unhais da Serra, onde participaram na "Who´s Afraid 2013", vindos de lá com um valente empeno.
Como se isto não bastasse as previsões da meteorologia para Domingo não eram as mais animadoras: Chuva ao longo do dia. Nada falhou. Ambas as previsões se transformaram em certezas.
No entanto,  nada disso impediu 5 valentões de sair de casa para mais um dia "bttistico". Porque a ideia inicial se me afigurava se difícil execução, de véspera, acertei com o Carlos Russo e Pedro Tondela uma voltinha "soft" sem traçado definido.
Concentração marcada para as 9,00 no local do costume. 
Para não defraudar as expectativas sugeri à rapaziada uma voltinha, de ida e volta, até San Felices de los Gallegos, com passagem pela mítica "Puente de los Franceses". O que de imediato foi aceite por todos. Redefinido o percurso, passei por casa onde apanhei a dita garrafa de azeite, que enfiei dentro da mochila.
Voltinha do mais espectacular que temos feito ultimamente!
É certo que boa parte do percurso (+/- 80%) foi feito em alcatrão... mas a adrenalina, o prazer, a emoção, a tensão e sei lá que mais, provocados pela dupla passagem na Ponte dos Franceses, não têm limites.
Êxtase total.
Assim, pelas 9,30 horas, saímos de Figueira, em direcção a Castelo Rodrigo, até à Cruz da Vila, onde flectimos em direcção a nascente até ao Convento de Stª M.ª de Aguiar, Almofala, Escarigo, La Bouza (Boiça), Puerto Seguro, de encontro à famosa Puente de los Franceses, sobre o rio Agueda, para chegarmos a San Felices de los Gallegos, onde cumprimos a missão a que nos havíamos proposto (levar a carta a Garcia).
Antes de inverter a marcha ainda fomos petiscar uns "pinchos" e aviar umas "cañas" num bar à saída de San Felices e que, diga-se, me souberam pela vida!
Se do lado de Puerto Seguro a descida para a ponte é fantástica, no sentido San Felices\Puerto Seguro é de arrepiar.
Fi-la pela segunda vez!
Quanto à chuva: Começou a cair, de forma insistente, praticamente desde que invertemos o sentido da marcha, que é como quem diz desde que saímos de San Felices e acompanhou-nos até Figueira.
Quando cheguei a casa (bastante encharcado) deveriam ser umas 14,30 horas.
Há dias assim!
As poucas fotos realizadas são da autoria do Carlos Russo, Pedro Tondela e Luís.

A passagem pela ponte provoca sempre alguns momentos de ... alivio. Pudera, depois de uma descida daquelas!...

(Mora aí alguém!)
 

(As montadas sobre a ponte)

(O Pedro e o Luís chegando à Ponte)


(Em San Felices a rapaziada aproveitou para descomprimir um pouco!)




(Um "pincho" e uma "bejeca")


(Apanhado pela câmara - nada indiscreta!)

(Mas que bela montra!)


Mais um dia bem passado em óptima companhia.
São estes momentos que (eternamente) nos agarram à bicicleta!

Os carunchos do dia:

Carlos Gonçalves
Carlos Russo
Tó Condesso
Luis Santos
Pedro Tondela


Resumo do dia::

Distancia percorrida: +/- 61 Km
Velocidade média: 15 Km/h
Subida: 1478 m
Descida: 1424 m


Gráfico de altimetria:















Podem ver outros relatos sobre a GR 14.1 (bem como descarregar o Track) aqui

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

NOS TRILHOS DA AMENDOEIRA EM FLOR 2013 (Volta de Reconhecimento do Percurso Longo)

Ontem (3 de Fevereiro) foi dia de reconhecimento do «Percurso Longo» do II Passeio - Nos Trilhos da Amendoeira em Flor que, com tem sido divulgado, terá lugar a 10 de Março, p.f.
Já tínhamos ensaiado este percurso, ainda que por partes. 
Até Algodres os percursos (curto e longo) são coincidentes!
O S. Pedro tem-nos pregado com cada partida! 
A chuva e o mau tempo têm inviabilizado o reconhecimento total do percurso.
Não me vou alongar muito em pormenores, pois já aqui disse quase tudo.
Não obstante o que já foi escrito direi apenas que nunca, mas nunca, me irei saturar de fazer este fabuloso trajecto.
Nunca está igual, quer feito no Inverno ou no Verão. Eu, como sou um pouco avesso às altas temperaturas estivais, confesso que me dá um gozo extra fazê-lo no Inverno, sobretudo nesta época do ano. Pelas condições do terreno, pelo colorido da paisagem. 
Sem dúvida que as amendoeiras conferem à paisagem um tom e cheiro únicos.
E então neste Inverno está ... simplesmente sublime. As chuvas abundantes da época conferem-lhe características e efeitos únicos!
Ontem o S. Pedro brindou-nos com um dia excepcional para a prática da modalidade. Junto ao Douro estariam 19 ºC. Melhor era impossível. Quando iniciámos a subida até à Marofa ainda sentimos uns arrepios frios, mas quando chegámos à beira do Douro bem que tivemos que largar alguma roupa!
É evidente que eu sou suspeito para classificar este excepcional percurso. Direi, no entanto, que me vão faltando adjectivos para  o qualificar. No entanto não resisto a dizer que é, simplesmente, FABULOSO.
O gozo que proporciona a "Via Sacra", a adrenalina da descida do S. Marcos, até Penha de Águia, onde pomos à prova os nossos limites e os da ... máquina!
A dureza do empedrado até chegar a Vale de Afonsinho.
A beleza do (agreste) Vale do Coa que ladeamos depois de  Algodres, até Castelo Melhor.
Para já não falar do deslumbramento com que abruptamente nos deparamos quando começamos a descer p/ o Vale do Douro, em direcção à (desactivada) estação de Castelo Melhor, onde a intervenção humana moldou a paisagem de forma a torná-la uma autentica obra de arte, para já não falar nas difíceis e infindáveis subidas até bem perto de Escalhão, onde podemos apreciar uma mancha considerável de olival tradicional..
Tudo isto num único passeio. Melhor é impossível.

Algumas imagens deste fabuloso trilho:

(No inicio da "Via sacra" com Castelo Rodrigo ao longe)

 Para minha total surpresa a "Via Sacra" apresentava-se com alguns obstáculos como mostram as imagens seguintes.
 





(Na Serra do S. Marcos)

(Aproximando-nos de Vale de Afonsinho)


(A água proporciona sempre imagens de rara beleza)

 (Aproximando-nos de Algodres)


(Paragem obrigatória no "Escondidinho")

(Ontem inovei um pouco no meu farnel - que se lixem as barras energéticas!!!)

A passagem pela revoltosa Ribeira de Algodres provoca sempre algum alvoroço no grupo e ontem não foi excepção. 
Parece fácil, mas não é bem assim. Quando as pedras estão húmidas ficam impraticáveis e todo o cuidado é pouco. Ontem o azarado do dia foi o Luis que aí perdeu a bomba de ar.


(A transposição da Ribeira de Algodres)


(Bem que apontavam para o local mas... já tinha embarcado!)




(Para trás ficava a Ribeira)

(Almendra ao fundo)


(Pormenor de flor de amendoeira)


(Castelo Melhor ao fundo)


(O Douro em todo o seu esplendor - Plantação de novos vinhedos)


(Acondicionando algumas laranjas da "Ferreirinha"!!!)


(Mais um pormenor da paisagem)

(Amendoeiras em flor)

(Construção tradicional - cardenho ou abrigo)

(Ao longe o Penedo Durão)

(Escalhão)

 (Paisagem tradicional - pombal)

 (Nas proximidades de Figueira)

(A minha montada depois da jornada, preparada para o merecido banho)

Colaboraram nesta prazerosa aventura:

Carlos Gonçalves
Carlos Russo "Ninja"
Pedro Tondela
Luis Santos
Élio, que veio expressamente de Pinhel para nos acompanhar.
Tó Condesso, que nos largou em Castelo Melhor, por motivos de natureza familiar.


Resumo do dia

Distancia total percorrida: 73,6 Km
Em movimento: 6,05 H
Parados: 1,10 H
Velocidade média: 12 Km\h
Subida: 1930 m
Descida: 1846 m

Gráfico de altimetria:















Galeria de imagens: aqui
Track do percurso está disponível na página web do município de Figueira de Castelo Rodrigo