segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

BTT SOLIDÁRIO - VALE DE AFONSINHO

Vale de Afonsinho já foi a freguesia mais pequena do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo em termos de área. Actualmente, em resultado de recente reordenamento administrativo, está agregada a Algodres e Vilar de Amargo formando a União de Freguesias com o mesmo nome.
Promovido com o intuito de angariar fundos para a compra de equipamento básico para o lar de idosos, a ADVA - Associação de Desenvolvimento de Vale de Afonsinho organizou este passeio solidário.
Estou em crer que superou as melhores expectativas. 
Sendo certo que a grande maioria dos participantes era oriunda do concelho, deve ser, no entanto, registada a presença de "bttistas" vindos de Almeida, Pinhel, Vila Nova de Foz Coa e de Mêda, num total a rondar os 50 praticantes.
A organização brindou-nos com um percurso bastante heterogéneo que se viria a desenvolver pelos limites territoriais das aldeias vizinhas de Quintã de Pêro Martins, Freixeda do Torrão, Vilar de Amargo e Algodres, em cerca de 43 Km, nalguns trechos coincidentes com a GR 22, bem agradáveis e onde os participantes tiveram a oportunidade de apreciar e conhecer todo um património natural e edificado esquecido, tantas vezes maltratado.
Lembro os muros de vedação em xisto, tão característicos desta zona, que separam os prédios rústicos, as casas típicas de balcão de Vilar de Amargo e de Algodres.
Do património de natureza destacaria a Faia Brava e toda a envolvente da Serra do Reboredo (Freixeda do Torrão), onde sobressai o castanheiro e o carvalho que lhe conferem uma beleza ímpar em qualquer época do ano e que me encanta de sobremaneira.
E que dizer das diversas fontes de mergulho que fomos encontrando ao longo do percurso. Lindíssimas a fonte da Devesa, nos limites da freguesia de Figueira ou a fonte românica da Pereira já dentro de Vilar de Amargo. Ambas a denotar longo esquecimento e desleixo.
Quantos deram por elas?
Destaque, ainda, para o espírito de solidariedade e entreajuda manifestado por toda aquela gente da aldeia, que tão bem conheço, e que com toda a simpatia nos souberam receber.
Diria que Vale de Afonsinho se engalanou para nos receber.
Nota mais para o excelente banho de água quente que a todos foi proporcionado nas instalações do futuro Lar de Idosos e que dificilmente se repetirão por motivos óbvios.

Algumas fotos:







































(Casa típica - Vilar de Amargo)


(Casa típica de balcão e alpendre, com dupla escadaria - Vilar de Amargo)


(Casa típica - Algodres)


(Fonte da Pereira - Vilar de Amargo)


(Fonte da Devesa - Figueira C. Rodrigo)


Video do passeio, produzido pelo Carlos Figueira:



Nota: Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

As manifestações do “Caminho” na área geográfica do concelho de Figueira C. Rodrigo

Ó vós que ides passando, lembrai-vos das almas que estão penando

Este axioma inserto num painel de azulejos colocados no interior do nicho existente na Rua da Albergaria, em Escarigo, nas proximidades da Igreja Matriz, em pedra embutida, ricamente decorado com três vieiras em relevo, indica-nos, de forma inequívoca, que estamos na rota de um Caminho de Santiago. Não sendo muito comum vamos, no entanto, encontrando outros de igual teor em castelhano.
Nos dias que correm peregrina-se, sobretudo, por espírito de aventura a que se poderá juntar, ou não, a motivação religiosa.
Mas em tempos idos também se peregrinava para ganhar indulgências, para fazer penitência e, até, por encomenda e em nome de alguém que não o podia fazer.
Também se peregrinava em cumprimento de condenação, daí o adágio.
Na extensa área delimitada a nascente pelo rio Águeda e a poente pelo rio Côa, onde está inserido o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo os peregrinos, vindos de Castela, faziam a sua entrada em solo português, essencialmente, por Escarigo de onde seguiam até Castelo Rodrigo, com passagem por Almofala.
Em Castelo Rodrigo aos peregrinos surgiam duas possibilidades: Ou prosseguiam até Pinhel, atravessando o Côa pela ponte romana de Cinco Vilas, em direcção a Trancoso, Lamego, Régua, Chaves e Orense. A outra possibilidade era prosseguir em direcção a norte, por Escalhão, Freixo de Espada Cinta, Bragança, Sanábria e Orense onde tomavam uma derivação (Caminho Sanabrês) da “Via de la Plata” que começa em Sevilha e se prolonga até Astórga, onde entronca no “Caminho Francês”
Não sei se já se aperceberam de umas setas amarelas recentemente pintadas\colocadas por um grupo auto intitulado de “Amigos dos Caminhos de Santiago” e que têm o seu início exactamente junto à igreja matriz de Figueira e tentam encaminhar os potenciais peregrinos em direcção a Espanha, até Ciudad Rodrigo e daqui até Salamanca, de encontro à “Via de la Plata”.
 Marcações que enfermam de total ausência de rigor histórico-cultural pois nunca os peregrinos se deslocavam em sentido contrario ao "movimento" do Sol e a Compostela e que só pode ser interpretado como má formação e oportunismo.
Nem sei se já houve alguma alma dada a peregrinar seguindo tais marcações!
Em território espanhol é muito fácil “peregrinar” pois os “Caminhos” estão muito bem sinalizados com as famosas setas amarelas e vieiras, símbolos máximos das rotas jacobitas, para além da existência de albergues que, a preços muito simbólicos, dão acolhimento e pernoita aos peregrinos.
Em Portugal está muito bem marcado o “Caminho Central” que tem o seu início em Lisboa junto à Sé Catedral, prosseguindo até ao Porto, Barcelos, Ponte de Lima, Valença, Tui, Redondela e Pontevedra.
A norte do Porto já se vão encontrando alguns albergues, tais como em S. Pedro de Rates, Barcelos e Ponte de Lima.
Para os (eventuais) corajosos que se sintam com vontade de iniciar a sua “viagem” em Figueira o melhor caminho é mesmo prosseguir em direcção a Almeida ou Pinhel onde podem encontrar as setas amarelas do “Caminho de Torres” que os encaminhará por Trancoso, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Lamego, Régua, Mesão Frio, Amarante, Guimarães, Braga, Ponte de Lima, indo entroncar no Caminho Central Português.
Na Régua surge ainda a possibilidade de seguir as marcas do Caminho do Interior, que tem início em Viseu e prossegue em direcção a norte, com passagem por Peso da Régua, onde cruza o Douro, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Chaves, entrando em território galego em direcção a Orense, onde vai acertar no Caminho Sanabrês.


Ultreya, Useya!


(Nicho - Rua da Albergaria, Escarigo)



(Antigo albergue de peregrinos - Escarigo)


(Cruzeiro do Roquilho - Almofala)