sexta-feira, 7 de setembro de 2018

De La Alberca até Béjar para ver a Vuelta

A ideia inicial passava por ir de encontro à caravana da "Vuelta" em Béjar, cuja etapa terminaria na estância de esqui de La Covatilla desfrutando, em simultâneo, de um excelente dia de BTT.
Algum cuidado no desenho do track pois a orografia do terreno não permitiria grandes veleidades, não tivéssemos pela frente os sistemas montanhosos da "Sierra de Francia" e da "Sierra de Béjar", da Comunidade de Salamanca!
A rapaziada do pedal apresentar-se-ia dividida em dois grupos: Um, maioritário, que tinha como objectivo enfrentar a "La Covatilla" de bicicleta de estrada e outro, minoritário, cujo propósito seria alcançar Béjar, desde La Alberca, em "mountain bike". 
Algum desacerto na saída, pois acabaríamos por ser "despejados" um pouco depois de San Miguel del Robledo, no desvio para San Martin del Castañar por onde alcançaríamos La Alberca.
Aqui senti que houve alguma maldade da rapaziada da "roda fina" pois o que ficara combinado de véspera era irmos todos em direcção a La Alberca, onde ficaríamos nós, os do BTT e os restantes prosseguiriam até Béjar.
Mas haja saúde!...
Este pequeno "incidente" para lá do desgaste adicional que provocou, implicou ainda que tivéssemos de aditar 12 Km ao percurso inicial, mas que acabaria por ser (apenas) mais um ingrediente para "apimentar" a aventura.
E que aventura!
Logo após La Alberca, em cujo núcleo urbano penetrámos, um singletrack que se prolongaria por uns bons 2 Km em ligeiro pendente ascendente, algo técnico, mas que se viria a revelar delicioso. Seguindo-se uma muito longa descida por largo estradão, com cerca de 14 Km, de encontro à SA 225 e ao Rio Alagón, que percorremos pela sua margem esquerda, no sentido da nascente, por divertido trilho até à desembocadura do "Arroyo Servon" após o que se seguiu a parte mais dolorosa de todo o trajecto.
Alcançar a pequena aldeia de Valdelageve não se viria a revelar tarefa fácil. Quase 7 Km de ascendente, com o sol a zurrar-nos no dorso, em encosta virada a sul e a fazer gestão de água...
Valeram-nos os figos que íamos colhendo das figueiras ... que a mim me pareciam estoirar no estômago de tão quentes que estavam!
Na aldeia não vislumbramos  vivalma! 
Água nem vê-la, quanto mais um bar ou um café!
Tivemos que mendiga-la, batendo a uma porta onde, para lá das naturais dificuldades da língua, ainda tivemos que lidar com a resiliência da dita senhora que só após insistência no-la facultou, servida com elevada parcimónia e algum controlo, numa garrafa de 1,5 litros e a quem ficaríamos gratos.
Momento inolvidável!
No entanto, a mingua de água prolongar-se-ia por mais alguns Km e não nos restou outra alternativa senão apanhá-la num regato.
E como água corrente não mata gente!...
De Valdelageve descemos até ao Rio Cuerpo de Hombre por cuja margem esquerda haveríamos de progredir até Béjar.
Com a aproximação ao rio a paisagem alterou-se e as boas sensações regressaram: Trilhos com muita sombra e  água em dose q.b., sempre bem fresquinha, por densa mata mediterrânica onde o carvalho impera. 
Percurso fabuloso sempre à beira da água.
Em Montemayor del Rio, com o intuito de ganhar algum tempo, optámos pelo asfalto, embora o trilho progredisse paralelo à estrada.
Na retina ficarão cerca de 5 Km de trilho pelas margens do Cuerpo de Hombre, imediatamente antes de Béjar, que julgo serem imperdiveis, a ajuizar por aquilo que nos era dado observar  desde o asfalto, mas que não fizemos.
Dificilmente surgirá uma nova oportunidade!

Na Plaza Mayor de Béjar longa paragem para hidratação!

Béjar fomos encontra-la a pulsar de bicicletas. Centenas senão milhares de ciclistas que, descendo do Alto de La Covatilla, onde terminou a 9.ª Etapa da "gran vuelta española", ali se aglutinavam, conferindo à cidade um bulício pouco habitual.

Percurso fabuloso, com cerca de 70 Km, servido com uma boa dose de loucura, com paisagens a condizer. que dificilmente será repetido, não por falta de vontade mas sim por motivos logísticos.
Valeu cada gota de suor transpirada!

Quem também se recusou a colaborar nesta "expedição" foi minha máquina fotográfica que me deu uma valente nega (eu sei o que alguns estão a pensar!). 

Um grande bem-haja ao Tó Condesso, o "ganda" maluco que me acompanhou nesta aventura.

Não me digam que o céu é o limite quando eu vejo pegadas na Lua!

P.S. - Este tipo de "saidas" é um autentico tiro no escuro. Nunca sabemos o que vamos encontrar, como tal nunca deve ser feito "a solo". Procurem um companheiro à altura, capaz de enfrentar com determinação os diversos imprevistos que vão surgindo. A progressão faz-se, muitas vezes, pelo meio do "nada" por longos e sinuosos Km, por locais extremamente isolados e inóspitos, que tornam impossível qualquer contacto. Sem pretender ser alarmista aconselho que, antes de sair de casa, deixem sempre um plano do percurso que vão realizar.

E também não conseguimos ver a passagem da caravana da "Vuelta". Ficou a intenção!

Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui
Nota: O trajecto assinalado a verde destina-se a todos os "valentões" que pretendam subir até a "La Covatilla"
          O trajecto a azul é aquele que não fizemos e que gostaria de ter feito.



 Algumas imagens:


(Cruzamento onde fomos "despejados" - Aqui começou a aventura)


(San Martin del Castañar)


(Ao fundo a "Peña de Francia")


(La Alberca)


(Conduta de moinho típico da Sierra de Francia)


(Herguijuela de la Sierra)


(Rio Alagón)



(Valedelageve)


(Montemayor del Rio)


(Béjar - Plaza Mayor)


(Os dois aventureiros)




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