terça-feira, 12 de março de 2013

II PASSEIO "NOS TRILHOS DA AMENDOEIRA EM FLOR" 2013 PRECIOSO

Antes de mais quero alertar aqueles que seguem as minhas crónicas que eu sou um pouco suspeito para "falar" deste evento, pois não se pode ser juiz em causa própria! 
A selecção dos percursos foi da minha inteira responsabilidade.
Para que nada faltasse aos (verdadeiros) actores foi necessário implementar uma estrutura de apoio deveras impressionante.
Estiveram directamente envolvidas no evento cerca de 30 pessoas, onde se incluem motoristas, bombeiros e outro pessoal, 10 viaturas (4x4, ambulâncias e outras de apoio), e consumiram-se 150 Kg de bananas, 15 Kg de maças, 50 kg de laranjas. 700 sanduiches, 500 barras energéticas, 500 garrafas de água (0,33 cl), 5 cx de cerveja (0,25 cl).
 À data do fecho a Organização contabilizou 193 inscrições confirmadas.
As fortes e intensas chuvadas da noite de 9 de Março e as negras previsões meteorológicas intimidaram alguns. Não obstante este cenário compareceram na zona da partida 152 atletas, dos quais 58 vindos da vizinha Espanha.
O Secretariado abriu às 8,00 e poucos minutos passariam das 9,00 horas quando foi dada a bandeirada da partida.
Depois de uma pequena "volta de cortesia" pelas principais avenidas da vila e em jeito de aquecimento seguimos até à Serra da Marofa, onde estava instalado o 1.º controlo, de encontro à famosa Via Sacra, que descêmos sensivelmente até meio, até acertar com as marcações que nos indicavam o sentido poente onde, por frenética descida, chegámos à Sarzeda para apontar à 2.ª subida do dia. Seguindo-se a passagem pelas Serras da Freixeda e do S. Marcos, onde tomamos a 1.ª dose de adrenalina até Penha de Águia e Vale de Afonsinho para o 1.º reforço do dia e onde eu cheguei deveriam ser umas 10,30 horas.
Até Vale de Afonsinho, embora pesados, os trilhos estavam dentro do limite do aceitável. É certo que havia alguma "borrasca" mas nada de relevante.
Em Vale de Afonsinho flectimos ligeiramente a nascente, por trilho paralelo à E.M.  por onde fizemos a ligação até Algodres. Ainda se criou a ilusão de que o pior já teria passado, pois o terreno arenoso lá ia conseguindo absorver a água caída durante a noite. Mas a ribeira que tivemos de transpor de imediato nos chamou à razão. E a partir daí foi lama e mais lama e mais...lama.
Em Algodres deu-se a separação de percursos, tendo eu optado pelo percurso longo.
Alguns ainda aproveitaram para dar banho e lubrificar as montadas.
Para os que optaram pelo percurso curto foi o inicio de um longo calvário. Logo à saida de Algodres água até aos joelhos. Situação que se prolongaria quase até aos Picões, apenas com algumas interrupções muito pontuais.
É certo que alguns ainda se entusiasmaram com uma longa e rápida descida, precedida de uma pedragosa e ingreme subida, a que se seguiu um singletrack para os mais afoitos. Para os restantes a opção foi o desvio. A partir daqui o percurso teve que ser alterado pois a Ribeira de Aguiar apresentava-se de tal forma revoltosa que inviabilizou qualquer tentativa de passagem. Não restou outra alternativa que não fosse prolongar o trilho até à Quinta da Veiga e aí transpor a Ribeira pelo pontão até aos Picões, onde se dava a junção de percuros.
Para os que optaram pelo percurso longo após a separação, os trilhos foram coincidentes com a GR do Vale do Coa até Castelo Melhor. Do melhor p/ os amantes de um btt mais agressivo e onde eu fui ao "tapete" logo no inicio daquele brutal singletrack que nos levaria até à ribeira de Algodres, que transpusemos pelas poldras. No entanto a água nem a todos intimidou. Que o diga um amigo espanhol que se atirou de cabeça para um banho voluntário. O difícil foi sair!
Brutal a descida que nos haveria de conduzir até à estação (desactivada) de Castelo Melhor, bem junto ao Douro, onde tínhamos à nossa espera o 2.º reabastecimento. A paisagem é soberba. Eis-nos no coração do Douro vinhateiro..
Ninguém ficou indiferente a este trecho do percurso.
A Ribeira de Aguiar, super brava, é transposta pela velha ponte ferroviária para de imediato entrarmos nos domínios da "Ferreirinha" (Quintas da Granja, do Castelo e da Leda, actualmente propriedade do grupo Sogrape) até desembocarmos no estradão que nos haveria de conduzir até Barca de Alva, onde não chegamos, flectindo, antes à direita, ao longo da ribeira de S. Cibrão, por trilho ascendente até à Quinta dos Picões, onde estava instalado o 3.º reabastecimento e se dava a junção dos percursos.
A subida até aos Picoes, embora não sendo dificil parece nunca mais ter fim e da parte que me tocou já foi feita debaixo de chuva e intenso granizo. Assim como toda parte final logo após Escalhão.
Mas mesmo assim atrevo-me a dizer que adorei repetir estes espectaculares trilhos, desta vez feitos na companhia dois velhos companheiros e amigos: O Zé Luís e o Eduardo. De quando em vez ainda se juntava a nós numeroso e ruidoso grupo de espanhóis.
Para recordar.


Algumas imagens do evento:


(De Espanha veio uma poderosa armada ... com impressionante logística! )


(...Espanhóis ... de Ciudad Rodrigo)


 (Aspecto geral da partida junto ao "Pavilhão dos Desportos")




(Na EN 221, em direcção à Marofa)


(Na Serra da Marofa, em direcção à famosa "Via Sacra")


(No inicio da Via Sacra)


(Saindo da "Via Sacra")


(O grupo de Figueira junto ao 1.º reabastecimento, em Vale de Afonsinho)


(Pormenor em Vale de Afonsinho, junto às "galgas")


(Atravessando a Ribeira de Algodres pela 1.ª vez)


(...onde o Pedro Fresta foi a banhos!!!)


(Antes de Algodres: Foi assim que ficou o percurso após a passagem de viaturas 4x4 no dia anterior)


(O pessoal da Garbike em acção... em Algodres, na separação dos percursos)



(Água, muita água ... logo a seguir a Algodres - Percurso Curto)

(Atravessamento da Ribeira de Algodres, no troço da GR do Vale do Coa)


(... onde um corajoso se atirou às águas revoltosas da ribeira!)


(Os meus companheiros de pedalada; Eduardo e Zé Luis)


(Ao fundo o Douro e a velha ponte ferroviária sobre a foz da Ribeira de Aguiar, com o casario da Quinta da Granja)


(Sobre a velha ponte ferroviária)


(Chegando à estação de Castelo Melhor, onde estava instalado o 2.º reabastecimento)


(Quem disse que já não há corajosos?)


(Entrando nos dominios da Quinta da Granja)


(O Condesso e o Zé Manuel na chegada à zona da meta)

Pode a reportagem fotográfica completa aqui

Tracks e altimetria dos percursos aqui


P.S. - Um agradecimento público a todo o pessoal envolvido na logística deste evento, em especial para aqueles que estiveram nos reabastecimentos e pontos de controlo, pois fizeram o seu trabalho debaixo de condições meteorológicas extremamente adversas: Frio intenso, chuva, vento e granizo foi condimento que não lhes faltou. E sustos também houve para alguns. Que o digam a Bia (Beatriz), a Bruna, o Tiago e o Zé Manuel (Pataco), que tiveram por missão, para além de controlar o pessoal na Serra da Marofa, fazer a recolha das "fitas" e das "tabuletas" e que, ao transpor a revoltosa Ribeira de Aguiar, junto à Quinta da Veiga se viram envolvidos num incidente que tão cedo não esquecerão.


(Foi assim que ficou esta 4x4 na Ribeira de Aguiar)
(Um agradecimento especial p/ estes três jovens - falta a que fotografou)



terça-feira, 5 de março de 2013

Pelos Trilhos da Transportugal: De Barca de Alva até...

Quando há umas semanas atrás enviei uma SMS ao (Dr.) Nuno Santos, convidando-o a inscrever-ser no II Passeio de btt "Nos Trilhos da Amendoeira em Flor - 2013" estava bem longe de imaginar a situação que estava despoletar.
Na volta recebi uma SMS solicitando o TRACK da etapa Freixo\Guarda da Transportugal. 
Devo até confessar que fiquei um pouco céptico. Da Transportugal?
Após nova vaga de SMS e troca alguns e-mail. obtive finalmente a resposta: Este ano, o Dr. Nuno Santos, iria fazer a TRANSPORTUGAL, na sua versão race. Se não conhecesse o espírito race da TRANSPORTUGAL diria que o homem não estaria nos seus melhores dias! Mas como conheço, direi apenas que se vai envolver numa grande aventura!
Duro, muito duro!
9 dias percorrendo o país, de norte para sul, desde Bragança até Sagres, 1100 Km de puro e duro btt, 24 000 m de D+ ...
É evidente que o objectivo do homem é ... chegar ao fim. Mas mesmo assim direi que precisa de alguma coragem!
A volta de reconhecimento ficou, pois, agendada para 2 de Março de 2013.
Acertados os pormenores ficou decidido que nós sairíamos de Figueira, em direcção a Barca de Alva, onde nos encontraríamos.
Com a rapaziada envolvida em varias frentes não foi fácil mobilizar quem me fizesse companhia. Mas mesmo assim lá consegui convencer o Luís (chapeiro) e o Élio a acompanhar-me nesta aventura.
O que havia sido previamente combinado era que o grupo vindo de Bragança, constituído por sete elementos, sairia de Freixo pelas 8,00 horas, progredindo até Barca de Alva onde tínhamos encontro marcado por volta das 9,00 horas.
Assim, pelas 8,00 e sob frio glaciar, saímos de Figueira em direcção a Barca de Alva. Um pouco antes das 9,00 e já bem próximos do Douro um telefonema do Nuno dá-nos conta que estão com um atraso de cerca de 2 horas.
Não tivemos outra alternativa que não esperar!
O grupo, vindo de Freixo, transpôs a Ponte Sarmento Rodrigues, em Barca de Alva, um pouco antes das 11,00 horas, pois foi quando começámos a pedalar em direcção a Castelo Rodrigo, pelos Picões.
Saindo de Freixo esta etapa da Transportugal tem cerca de 110 Km com um D+ a rondar os 2600 m. Tínhamos, portanto, um bom rebuçado para desembrulhar.
Para os mais desatentos direi que a etapa completa tem o seu inicio em Freixo, com passagem pelo Penedo Durão, Poiares, de onde de chega a Barca de Alva pela calçada da Sant'Ana, seguindo, depois, até Castelo Rodrigo, Almeida, Pinzio, Jarmelo e Guarda. É, seguramente, das etapas mais espectaculares da Transportugal.
Desde Freixo e até Barca de Alva, para além da paisagem duriense, o que fica na retina é mesmo a descida, extremamente técnica, da calçada da Sant'Ana. De outro mundo!
Após Barca de Alva e até Castelo Rodrigo, embora sem quaisquer dificuldades técnicas, é quase sempre em sentido ascendente e foi onde conseguimos a impressionante média de 18 Km/h, para um D+ de 1700 m.
Em Castelo Rodrigo uma breve paragem técnica.
De Castelo Rodrigo e até Almeida o percurso, não obstante ser propicio aos roladores, apresentava-se extremamente enlameado o que em muito dificultou a progressão.
Em Almeida, onde chegámos deveriam ser umas 14,00 horas, paragem técnica para almoço.
E aqui mais uma surpresa: Não é que o pessoal de Bragança e de Macedo de Cavaleiros se deu ao luxo de fazer uma fogueira para assar chouriças, farinheiros, "xoleton" e sei lá que mais. Um verdadeiro banquete de garfo e faca.
Deixámos Almeida deveriam faltar 10 minutos para as 15,00 horas, em direcção ao rio Cõa, que transpusemos pela "Ponte Nova" até alcançar Leomil, Freixo e finalmente Pinzio, pelas 17,10 horas, com passagem pela Ribeira da Cabras que tivemos que transpor junto à A 25.
Em Pinzio, com grande pena nossa, tivemos que abandonar o grupo pois não estávamos preparados para progredir com visão nocturna e o que ainda restava para fazer isso exigia, pois após o Jarmelo o trilho é bastante técnico. Não fora a saída tardia de Barca de Alva e teriamos chegado à Guarda com luz solar!
Em jeito de rescaldo direi que desde Barca de Alva  e até Castelo Rodrigo conseguimos acompanhar aquela malta, mas depois, com trilhos extremamente rolantes as rodas 29 fizeram toda a diferença e só em Pinzio conseguimos reagrupar.
Um dia de duro btt passado em boa companhia e com muita lama à mistura.
Publico agradecimento a este fabuloso grupo de rapazes e em especial ao Dr. Nuno Santos pois sem ele isto não teria acontecido.
Voltinha que ficou gravada no GPS. A repetir brevemente, quando os dias estiveram maiores!

Deixo as poucas imagens que recolhemos desde fabuloso dia "bttistico"


(Atravessando a Ribeira das Cabras, um pouco antes de Pinzio)


(Carro de apoio em Almeida)

(Pormenor do almoço)


(O cozinheiro de serviço)

(O Luís ajeitando as brasas!)




(O Luís atravessando a Ribeira das Cabras)


(A minha montada ao fim do dia!)






(Gráfico de Altimetria)

Pode visualizar ou descarregar o TRACK do percurso aqui