terça-feira, 25 de agosto de 2020

Pelo Parque Natural do Alvão

Localizado a norte de Portugal, no distrito de Vila Real, o Parque Natural do Alvão (PNAL) desenvolve-se por 7 220 ha, numa zona de transição entre o Minho e Trás-os-Montes, em territórios sob o dominio dos Municípios de Mondim de Basto e Vila Real.
Aqui é possível identificar duas zonas distintas: a mais alta, de natureza granítica, em torno de Lamas de Olo, com uma altitude média de 1 000 m, vegetação típica de alta montanha e paisagem agreste, de arbustos rasteiros, onde impera a giesta, o tojo-gadanho, rosmaninho e a urze-branca, e a área mais baixa, xistosa, circundante a Ermelo, a 450 m de altitude, de paisagem verdejante. A transição de uma para a outra é feita pelo impressionante desnível das quedas de água das Fisgas do Ermelo.
Não menos notável é a construção de matriz popular, sobretudo em Ermelo e Lamas de Olo, locais onde ainda vão subsistindo construções tradicionais, nas quais o granito e o xisto capeado a ardósia, lhes proporcionam o esboço de uma arquitectura serrana muito própria e lhes conferem traços paisagísticos de grande interesse, sem esquecer Fervença, com a sua zona agrária disposta numa sucessão de socalcos.
O rio Olo, que mais adiante se irá despenhar nas “Fisgas”, é um pouco mais que um ribeiro. Dele partem canais de irrigação que fazem a chamada rega de lima (1), multicentenária que além de minimizar o desperdício de água, impede ainda que a geada queime os prados nos gélidos e agrestes invernos.
O carvalho e o pinheiro dominam as zonas mais elevadas, a eles se associando o vidoeiro na proximidade das linhas de água, bem como a aveleira, o medronheiro, o azevinho, o castanheiro e o loureiro, formando bosques mistos de frondosas folhosas.
Entre as massas rochosas emergem, aqui e além, campos de centeio, de milho, batata e lameiros onde se cria o gado maronês e baldios onde ainda se pratica o pastoreio da cabrada.

Pelo Parque Natural do Alvão construímos um itinerário que nos haveria de transportar para territórios que ainda vivem a tranquilidade de eras passadas, com um património natural extremamente bem preservado, explorando trilhos inusitados pelas vertentes da Serra do Alvão, por entre densas matas, intercalados pela aridez da alta montanha, que nos permitiram vivenciar panoramas soberbos de uma rota inesquecível.

Apesar de não incluída na área geográfica do Parque, não podíamos deixar de visitar o “Alto da Senhora da Graça” e o seu santuário, de onde observámos Mondim de Basto curvado perante tamanha magnitude paisagística.

Projecto antigo, só agora concretizado. 
Já por aqui tinha andado, mas de "roda fina" e na retina ficava sempre a ideia de uma voltinha "bttistica", que já se vinha transformando numa obsessão.

E as expectativas não saíram defraudadas.

Simplesmente fabuloso!

(1) - Sistema ancestral de rega por escorrência que assegura a irrigação dos lameiros no Verão e impede a formação de geada nos Invernos.

Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui.


(Alto da Srª da Graça - onde são visivieis as marcas de recente incendio florestal)


(Mondim de Basto - panorâmica desde a Srª da Graça)













(Macieira - relógio de sol)




(Parque Eólico de Pena Suar)










(Vila Real - Panorâmica desde o parque Eólico de Pena Suar)








quinta-feira, 13 de agosto de 2020

E o Douro Aqui Tão Perto (Pela Eco Pista do Sabor)


Já por aqui tinha andado noutras ocasiões (aqui) e as impressões não tinham sido as melhores.

Entretanto o Município de Torre de Moncorvo aditou-lhe mais 11 Km, promovendo a sua expansão até à margem norte do rio Douro, bem próximo do Pocinho e da sua barragem, procedendo, ainda, à limpeza dos restantes 24 Km.
E foi esta “nova” infraestrutura que fui visitar ontem, fazendo uso de um dia de férias, que se pretendia bem passado.
E as expectativas não saíram defraudadas.
O percurso agora adicionado desenvolve-se, todo ele, pela desactivada Linha do Sabor, que corre a meia encosta, até alcançar a sede do Municipio e de onde é possível observar o Douro em toda a plenitude, com especial destaque para os vinhedos da Quinta do Vale Meão e a foz do Sabor. 
Paisagem que impressiona pela sua beleza. 
Só por isto já vale bem a pena a deslocação.
Após Moncorvo a pista evolui por uns rolantes 24\25 Km, onde passamos pelas desactivadas estações de Larinho, entretanto convertida em serviço de cafetaria e onde é possível descomprimir um pouco e tomar uma bebida fresca, Carvalhal, Cabeço da Mua e Carviçais, onde, querendo, podem fazer um breve desvio até à pequena albufeira de Vale dos Ferreiros.

Terminada a eco pista, evoluímos por alcatrão, de encontro à EN 221 (cruzamento de Mogadouro), para acertarmos com o trilho que nos haveria de direccionar a Freixo de Espada à Cinta, onde somos sempre brindados com a soberba paisagem sobre a bacia hidrográfica do Douro Internacional, em especial a jusante de Mazouco.

Em Freixo passagem pelo núcleo histórico, seguindo-se-lhe ligação a Poiares, de onde partimos à procura da Calçada da Santa Ana, na confluência da Ribeira do Mosteiro e da estrada do Cândedo.

Não me vou alongar sobre o rol de emoções e sensações que se vivenciam nestes lugares mágicos pois já o fiz em “posts” anteriores (vejam aqui).

Bem coladinhos à margem norte do Douro, pela EN 221, alcançámos Barca de Alva, para enfrentar os últimos 20 Km da etapa, em ascendente, até Figueira de Castelo Rodrigo.

Voltinha que terminaria com o odómetro a indicar 94 Km, de puro btt, onde fomos confrontados com o sossego do Douro, a calma do Sabor, a beleza do Douro Internacional, a adrenalina da Calçada da Santa Ana e muita transpiração, em especial nos últimos 20 Km.

O meu "aplicativo" da Garmin indicou-me 2 089 m de D+, que se me pareceram um pouco exagerados!

Para corajosos do pedal!

Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui

Algumas imagens:



 (Pocinho - ponte rodo-ferroviária sobre o Douro)





 (Foz do rio Sabor)


(Torre de Moncorvo)


(Mazouco - Panorâmica sobre o Douro Internacional)


(Freixo de Espada à Cinta)


(Poiares . vista parcial)


(Maciço montanhoso da ribeira do Mosteiro, das calçadas de Alpajares e da Santa Ana)


(Calçada da Santa Ana)


(Barca de Alva)


(Com o Julio Canteiro - O "louco" que me acompanhou)