domingo, 8 de outubro de 2017

Pelo Parque Natural de Las Batuecas - Peña de Francia


Há muito que este “trilho” fazia parte do meu ideário “bttistico”.

Integrada no coração de “Las Batuecas”, em pleno Parque Natural de Las Batuecas -  Sierra de Francia, a pouco mais de 50 Km da fronteira de Vilar Formoso, toda esta extensa área se nos  apresenta como um lugar de retiro, a visitar sem pressas.
Já por aqui tinha andando, quer em passeios familiares, quer de “roda fina”. No entanto a vontade de pedalar por estes "mundos" de “roda grossa” sobrepunha-se.
Faltava apenas acertar uma data.
Aconteceu na passada quinta-feira, 5 de Outubro, feriado, na ressaca das autárquicas!
A jornada teve início em La Aberca, com evolução pelo “Camiño de las Raices” e incluiu breve visita às ermidas de S. Marcos, em ruínas, onde repousa um curioso “meteorito”, e à de Majadas Viegas, seguindo-se passagem por Monforte de la Sierra e Mogarraz.
Monforte de la Sierra, em pleno interior do Parque Natural de Las Batuecas – Sierra de Francia, rodeada de frondosos bosques e riachos, situa-se nas fraldas das arribas formadas pela ribeira do Milano e do Arromilano que mais adiante se juntam formando o rio Milano, afluente do Alagón, que corre em direcção a sul onde se junta ao Tejo.
O núcleo urbano é formado por estreitas ruas, praticamente fechadas pelos telhados das casas, o que permite transitar por elas evitando a chuva dos húmidos Invernos. Ruas estas que são o mais perfeito exemplo de arquitectura serrana, cujo núcleo central é constituído pela “plaza mayor”, ocupando a igreja, como não podia deixar de ser, lugar de destaque.
Mogarraz conserva uma das poucas judiarias convertidas ao cristianismo no Sec. XV. No entanto o visitante é surpreendido pelo rosto de centenas de habitantes “retratados” e distribuídos pelas paredes das casas da aldeia, incluindo a igreja matriz e torre sineira.
Obra do pintor salamantino Florêncio Maillo, natural de Mogarraz, que pintou e “retratou” 388 habitantes e os quis distribuir pela aldeia corria o ano de 1967, tendo por base as fotografias (tipo passe) feitas por um fotógrafo local para a obtenção dos documentos de identificação, também elas encomendadas pelo primeiro alcaide eleito democraticamente Alejandro Martin. Acervo que serviu de base à inspiração ao famoso pintor que, durante quatro anos, os pintou e retratou sobre chapas de metal.
Tirando esta particularidade, todos estes "pueblos" apresentam arquitectura paisagística e urbana similar.
Seguindo-se Cepeda,  Madroñal e Herguijuela de la Sierra e Peña de Francia.
Em Peña de Francia, dado o adiantado da hora, optámos pelo asfalto, em direção a La Alberca.

O percurso, para grande surpresa geral, até à Ponte Velha de Mogarraz, sobre o rio Milanos, evoluiu todo ele, praticamente, em brutais singletracks – 13 Km de puro e duro BTT.
Em Herguijuela de la Sierra atingimos a cota mais baixa do roteiro.
A partir daqui e até alcançar a “Peña de Francia” o trilho progrediu por largo estradão que viria, no entanto, a revelar-se extremamente exigente, pois passámos de uma cota de altitude a rondar os 600 m para os 1700 m, ao longo de 28 Km de pendente ascendente continuo.

Percurso durinho, com cerca de 70 Km, e um D+ a rondar os 1 900 m, a exigir boa condição física e, em algumas situações, a pedir um bom “kit” de unhas.

 Feito na companhia de um grupo de amigos excepcional, onde destacaria o espanhol IGNACIO SANCHEZ, de Valverde del Fresno que, no final, nos brindou com uns "embutidos" e um queijo de cabra, de excepcional qualidade.

São dias assim que, eternamente, me prendem à bicicleta!




























Nota: Podem visualizar ou descarregar o track do percurso AQUI


terça-feira, 3 de outubro de 2017

DRAVE, A ALDEIA ENCANTADA, NUMA GRANDE CAMINHADA DE BICICLETA

Encravada entre as serras da Freita, de S. Macário e da Arada, a aldeia “mágica” de Drave integra alguns dos mais emblemáticos percursos do Geoparque de Arouca.
De visita obrigatória para quem se aventura pela serra da Freita.
É aqui, mais do que em qualquer outro lugar, que se sente de forma intensa a ruralidade do Portugal esquecido.
Encontrámo-la em completo estado de ruína.
O ultimo casal abandonou a aldeia há mais de 20 anos.
Apenas acessível a pé. Aqui a bicicleta é apenas um adereço, um andarilho.
De carro, a melhor opção é ir até Arouca, tomando a direcção da aldeia de Regoufe, também ela interessante, caminhando depois ao longo de cerca de 4 km, pela denominada PR 14, até Drave.
Outra alternativa é sair de S. Pedro do Sul, em veículo 4x4, em direcção à serra de S. Macário\Santuário de S. Macário, onde um pouco antes surge o desvio, devidamente identificado, que deve ser seguido até ao seu término, prosseguindo depois a pé, por percurso algo exigente com cerca de 1 500\2 000 m, até às ruínas da aldeia.
Em qualquer das opções a paisagem é soberba. Mesmo de carro será uma jornada dura e difícil mas valerá bem a pena.
Nós fizemo-la no passado dia 24 de Setembro … de bicicleta, saindo de S. Pedro do Sul.
A orientação foi feita com recurso a GPS, sendo o trajecto arquitectado pelo Carlos Gabriel, que o deve ter “sacado” de um qualquer “site” manhoso!...
Após duas horas de viagem, repartidas pelo IP 2, A25 e N 16, chegámos a S. Pedro do Sul, com os ponteiros do relógio a apontar para as 9,00 horas.
Podíamos muito bem ter optado por um programa de bem-estar nas famosas termas locais mas foi para pedalar que nos aventurámos por terras lafonenses.
Largados os carros seguimos em direcção ao Vouga, de encontro à foz do rio Sul, por cuja margem direita haveríamos de progredir até Oliveira (do Sul), onde flectimos ligeiramente a poente até alcançarmos a aldeia de Fujaco.
Localizada na encosta sul da Serra da Arada, a aldeia impressiona pela sua beleza.
Terminado o alcatrão deparámo-nos com um aglomerado de pequenas construções de xisto e cobertura de lousa, agrupadas em acentuados socalcos que acompanham a inclinação da serra e convidava a demorada visita.
Lamentavelmente não o fizemos e disso me arrependo, pois estava bem longe de imaginar o que me aguardava.
Como se não bastasse, pairava no ar um intenso cheiro do cabrito a assar, vindo do forno de lenha do restaurante "O Rochedo", que me aguçou o apetite e deixou as papilas gustativas hiperactivadas.
Seguindo o TRACK …
Eu transpirava, … o Daniel cantava a “La bamba – soy capitan, soy capitan”!
Duas horas de convívio para fazer cerca de 4 km, com uma inclinação a rondar os 23%!...
Alcançado o topo seguiu-se um troço de alcatrão, em direcção do Alto de S. Macário onde, um pouco antes, seguimos as placas direccionais que nos indicavam Covas do Monte\Arouca.
Não obstante a progressão se fazer em alcatrão, a paisagem continuava sublime e a surpreender-me.
Covas do Monte e Regoufe, encravadas em profundos vales, apresentavam-se de uma beleza estonteante.
Escarpas vertiginosas.
Alcançar Drave não foi tarefa fácil, pois a progressão fez-se de forma apeada, dada a sua perigosidade, por trilho de puro pedestrianismo.
Drave, a aldeia mágica, fomos encontrá-la a pulsar de visitantes: Caminheiros, escuteiros e outros curiosos.
Mas se foi difícil chegar a Drave, muito mais difícil foi sair. Os dois primeiros km foram feitos com a bicicleta no dorso pois era impossível pedalar e os restantes, até alcançar o alcatrão, em acentuado esforço, ora apeado, ora a pedalar.
Em, resumo: Grande caminhada de bicicleta!
As opções para chegar a Drave de bicicleta não são muitas e nós, ainda que involuntariamente, optámos pela mais difícil.
Confesso que regressei a S. Pedro do Sul um pouco decepcionado.
Esta ficará marcada na minha já longa “estória” bttistica!

Se voltarei a Drave? Talvez, mas serei eu a arquitectar o TRACK!







 










Podem visualizar ou descarregar o track AQUI.