quarta-feira, 25 de junho de 2014

À Volta do "Espacio Natural Protegido de El Rebollar"


«No próximo sábado, quem alinha numa volta de estrada por Espanha, pela zona do "Espacio Natural Protegido de El Rebollar"?
Tem 88 km, podendo ter um pouco mais ou menos, dependendo onde se deixa o carro.
Nota: Quem está a treinar para enfrentar o Adamastor não tem direito a carro. Começa e volta para casa de bicicleta. O percurso aqui: http://www.plotaroute.com/map/407 
Para almoçar, deve-se arranjar local em Acebo, um pouco depois de meio e uns 10 km antes da subida final»
Foi desta forma que o Rui Sousa deu o mote para a voltinha do passado Sábado através da sua página pessoal na rede social Facebook.
 O "Espacio Natural el Rebollar", com uma área de 50 192 ha, está localizado a sudoeste da província de Salamanca, a sul de Ciudad Rodrigo, partilhando a fronteira de Portugal onde vai confluir com os limites territoriais do concelho do Sabugal.
Caracterizado por um micro clima de matriz mediterrânica onde  predomina o pinheiro (pinaster e sylvestris) e o carvalho. Santuário de espécies em perigo de extinção ou extremamente vulneráveis tais como a cegonha preta, o abutre e o lince ibérico (este já extinto). É o equivalente à nossa Reserva Natural da Serra da Malcata, com a qual faz confluência.
Foi, pois, dentro deste espaço natural que se desenvolveu a nossa voltinha.
Até Aldeia Velha, no concelho do Sabugal, onde tinha encontro marcado com o Rui Sousa e o Hélder Coelho, fui de carro. 
Um pouco antes das 9,00 horas já lhes fazia espera. 
Não tardariam a aparecer.
Contrariando um pouco as expectativas, o dia amanheceu extremamente nublado, ameaçando chuva, que viria mesmo a cair, apanhando-nos completamente desprevenidos. 
Sem alternativa que não fosse esperar, a manhã prolongou-se entre um café local e a casa da sogra do Hélder que por pouco não nos ia matando com tanta comida. 
Antes mortos do que maltratados.
Com todos estes "contratempos" só por volta das 11,30 horas é que começámos a pedalar. 
Pelo meio um contacto com o pessoal da pesada (Agnelo Quelhas e C&a) que vinha de Castelo Branco e tinha começado a pedalar em Penamacor e connosco havia marcado encontro em Valverde del Fresno. Estes últimos viriam a arrepiar caminho fazendo inversão de marcha. 
O percurso previamente idealizado pelo Rui seria: Aldeia Velha - Aldeia do Bispo - Navasfrias - Valverde del Fresno - Hoyos - Acebo - El Payo - Navasfrias - Aldeia do Bispo - Aldeia Velha, que cumprimos à risca.
Merecedora de destaque a descida até Valverde del Fresno que se haveria de prolongar por uns intimidantes 15 Km e para uns transpirantes 10 Km desde a ponte medieval sobre o Jevero, pela CCV-32.3, imediatamente a seguir a Acebo até um pouco antes de El Payo.
Quanto a hidratação: Umas  "canhas" em Acebo e outras tantas em El Payo.
Na segunda passagem por Navasfrias a grande surpresa, pelo menos para mim, foi a passagem pelo Rio Águeda. Irmão gémeo do rio Coa e que tem a sua nascente na Serra das Mesas, perto de Navasfrias e se prolonga por cerca de 130 Km, até Barca de Alva, onde vai desembocar no rio Douro. Só por isto já valeu a pena ter saído de casa!

Resumo do dia: Cerca de 94 Km, em ritmo de passeio e extremamente relaxantes, para um D+ de 1839 m e um D- de 1830 m. feitos com companheiros de excelência.

Zona merecedora de nova incursão, mas em BTT.

Gráfico de Altimetria:


De regresso e após Alfaiates ainda fiz uma breve visita ao santuário de Sacaparte.
O conjunto, formado pela igreja, alpendres de feira, cruzeiro (alusivo a Santiago???), as ruínas do antigo convento e ainda um chafariz e uma fonte de mergulho.
A igreja tem a particularidade de ter a porta principal virada a sul. e da qual só pude observar o seu exterior.
Estranho nome. Após uma cuidada pesquisa cheguei à conclusão que este nome não é mais do que a agregação de saca + parte e que vem desde as "quizilas" entre portugueses e castelhanos pela delimitação de fronteira ou, para ser mais rigoroso: Tudo leva a crer que tenha sido local de divisão de despojos da guerra ofensiva (fossado) até à delimitação definitiva de fronteiras (Tratado de Alcanizes) entre Portugal e Castela.
Até meados do Sec. XIX aqui se realizava anualmente a celebérrima procissão dos encoirados, porque os homens nela participavam de tronco nu.
Foi proibida por atentar contra os bons costumes.
Os motivos de tão estranha prática não são consensuais, por tal facto deixo isso ao cuidado dos leitores.
No entanto sempre vos vou garantindo que vale bem a visita.

Algumas fotos:

 (Miradouro, antes de Valverde del Fresno)


(Valverde del Fresno)


(Passagem por Valverde del Fresno)


(Hoyos, ao fundo)


(Acebo - Plaza mayor)


(Deliciosas azeitonas que acompanharam as "canhas" em Acebo)


(Merendando na ponte medieval sobre o Jevero)




(Deixando a província de Caceres e entrando em Castilla e Leon)




(Festas em El Payo, onde não consegui descobrir o porquê deste pinheiro tamanho XXL!)


(Tourada em Navasfrias)


(Cavalos bem arreados, junto à praça de touros em Navasfrias)


(Rio Águeda na passagem por Navasfrias)





(Aldeia Velha - Monumento de homenagem ao "Encerro")


(Pórtico de entrada na ermida de Sacapartes)


(Ermida de Sacapartes)





(Ruinas do convento de Sacapartes)


(Chafariz de Sacapartes)

terça-feira, 17 de junho de 2014

Pela Serra da Gardunha (na Rota da Cereja)!

Quando no passado mês de Maio me inscrevi na 7.ª Maratona BTTGARDUNHA "Rota da Cereja - 2014" a ideia que lhe estava subjacente era assistir à chegada dos nossos "ponta de lança" Carlos Russo e Pedro Tondela, na qual participavam com algum interesse, uma vez que está integrada no troféu de Maratonas da Beira Interior.
Juntando o útil ao agradável com alguma antecedência fiz a minha inscrição na meia maratona, o que me permitiria assistir à chegada dos primeiros classificados da maratona.
Devemos ter chegado ao Fundão pelas 8,30 horas.
Não sentimos quaisquer dificuldades no levantamento dos dorsais.
Em face disso, muito atempadamente nos dirigimos para a zona da partida, onde, para grande surpresa geral, fomos confrontados com "boxes" que separavam os participantes pelas várias categorias (Cadetes, Juniores, Elites, Master 30/40/50/60, etc.).
Todo este controle, para além de moroso e de separar os elementos dos grupos, foi, quanto a mim, de total inutilidade, pois só faria sentido a separação se para cada categoria fossem atribuídos "handicaps" de tempo, ou a "largada" ocorresse em momentos distintos, o que não viria a acontecer nem estavam previstos. 
Não seria muito mais fácil criar um parque fechado e controlar todos os participantes por uma única "manga" de acesso? Aqui a organização esteve muito mal e mercê deste moroso processo de controlo a partida só viria a acontecer pelas 9,25 horas.
Os primeiros 35 Km, comuns a ambos os percursos, para além de monótonos e com muito alcatrão, viriam a apresentar-se planos e extremamente rolantes. Não me lembro de alguma vez ter usado a "talega" por tantos Km!
Velocidades médias acima dos 25 Km\h!
 Como me tinha inscrito para a meia maratona e estava convencido de que não poderia alterar a minha opção, a exemplo do que sucedera em Almeida, abusei um pouco das pernas. 
Quando cheguei ao primeiro controlo, eram 11,37 horas e 36 Km percorridos, fui informado que tanto poderia optar pelo percurso longo como pelo intermédio. Caso optasse pelo intermédio estaria a 8 km da meta. 
Ainda hesitei por uns breves instantes mas depois dei comigo a pensar: "Eh pá saíste de casa ainda não eram 7,00 h, vais percorrer 300 Km de carro, gastar 15,00 € de portagens e 30,00 € de combustível, para fazer a voltas das meninas (sem ofensa para elas)"?
Sei que, por norma, o melhor está reservado para os "maratonistas". Quer em termos de percurso, paisagem e dificuldade física\técnica.
Tinha estudado o trajecto pelo que me sentia um pouco à vontade e ... como não ando para fazer "tempos" nem à procura de troféus, facilmente me decidi pela maratona.
É evidente que não me arrependi da opção tomada, mas que transpirei muito lá isso transpirei e só a muita calma e experiência acumuladas me permitiram chegar à meta sem grandes mazelas.
A partir da separação o percurso foi de dureza extrema. A primeira subida, com uns intimidantes 9,00 Km, viria a apresentar-se uma autentica parede. Demolidora. Toda ela feita com a ajuda da "avozinha" e praticamente a solo.
De vez em quando lá ia olhando para trás como que procurando companhia, até que fiz uma espera a um outro participante que se ia aproximando e que, após uma breve troca de palavras, chegou à conclusão que estava enganado pois queria era fazer a meia maratona. Ainda o consegui convencer até ao reabastecimento, após o que inverteu o sentido da progressão.
 No topo estava o segundo dos reabastecimentos, estrategicamente colocado. Muita sombra e água fresquinha a brotar de fontanário em local paradisíaco.
Daqui até ao "Posto de Vigia" apenas uma insignificante descida por largo estradão. Foi em trilho ascendente e bastante sujo, já nas suas proximidades, que me cruzei com uma ambulância. Deu para trocar dois dedos de conversa com os seus dois ocupantes.
No Posto de Vigia mais um controlo e mais dois dedos de conversa. Aproveitando ainda para fazer umas "chapas" de forma a documentar a minha passagem. 
Seguiu-se uma espécie de singletrack recentemente arquitectado e que se viria a apresentar extremamente perigoso. Estou em crer que muito boa gente ali fez uns "riscos no cromado". Não havia necessidade de "obrigar" o pessoal àquele tormento pois ao lado estava o caminho que iríamos apanhar mais à frente.
Espectacular a vista sobre Alpedrinha.
A partir daqui tive por companhia seis companheiros: três lisboetas e outros tantos ribatejanos, de Coruche. Bons companheiros diga-se pois foi com eles que fiz o restante do percurso.
Um pouco antes do terceiro reabastecimento ainda prestei ajuda a um companheiro cedendo-lhe a minha câmara de ar suplente.
Passagem por Alcongosta, por estes dias a capital da cereja, a que se seguiu nova "parede", com cerca de 5 km. 
Diz a regra que a seguir a grandes subidas aparecem grandes descidas. E ontem não foi excepção.

Nota mais para a passagem pelas "levadas" de água. A exigir muita atenção é certo.
Nem fazia a mínima ideia que a Serra da Gardunha fosse tão rica em água. Uma constante ao longo de todo o percurso.
Eram 16,00 horas quando passei pela Meta.
A partir do Km 55 as minhas pernas começaram a dar os primeiros sinais de cansaço. Não foi fácil fazer a gestão de esforço. Só a muita calma e experiência me permitiram chegar à zona da Meta são e salvo.
O almoço (se é que se pode chamar disso) aconteceu depois das 17,00 horas, em amena cavaqueira, com os companheiros atrás mencionados e com grande parte do staff de apoio.

Grande dia de BTT.

A Serra da Gardunha é lindíssima e permite uma visão privilegiada sobre toda a cova da beira, a encosta sul da Serra da Estrela e o planalto que se prolonga desde Alpedrinha até Castelo Branco e Penamacor.

Impressiona a quantidade de cerejeiras que fomos encontrando ao longo de todo o percurso.


Uma pequena critica:

Nota muito positiva para os reabastecimentos. Fartos e bem colocados.
Igualmente nota positiva para a distribuição dos dorsais. Sem demoras.
Quanto ao almoço: Eu gostei muito. Carne de porco grelhada na brasa, salada de tomate, arroz doce\taça de cerejas e café, acompanhados de vinho\cerveja\refrigerantes à discrição. Atendimento rápido e afável.
Banhos: Dentro do mínimo aceitável. Julgo que no Fundão existem melhores alternativas.
Quanto ao percurso: Demolidor. Não havia necessidade de tamanha dureza. A partir do primeiro controlo e até final, na minha modesta opinião, foi extremamente exigente em termos físicos. Não havia necessidade de violentar os participantes com estas "paredes"!
Quando chegámos a Alcongosta, por volta do km 55, ainda nos faltavam fazer 600 m de D+ (acumulado de subida) em cerca de 15 Km. Não havia necessidade deste "tratamento"!
Muita insegurança nos trilhos junto às levadas de água, especialmente pelos buracos, ocultados, muitas vezes, pela erva.
Aqueles 800 m logo a seguir ao Posto de Vigia, pelo meio dos poios, numa espécie de singletrack feito na hora, apresentaram-se sempre extremamente perigosos e a prova disso foram as sucessivas quedas que aí ocorreram. Deveria aí estar sinalizado um percurso alternativo pelo caminho ao lado.
A partida, para além dos incidentes que já atrás relatei, não deveria ali ter acontecido. Nem ao diabo lembraria encaminhar o pessoal por aquela afunilada subida logo após a largada. Entendo que se queira promover o centro de btt ali existente, mas de certeza que haveria outras formas de o fazer.
Ouvi e vi muito participante decepcionado com esta Edição do evento, comparativamente com as anteriores. Como foi a minha primeira vez não posso fazer comparações. Mas fiquei com vontade voltar, não obstante ter chegado todo moidínho!
Globalmente dou nota positiva ao BTTGARDUNHA.
Reconheço que não é fácil por de pé um evento com esta dimensão. Nem é fácil seleccionar percursos que a todos agradem. Por vezes quem o faz tem tendência a fazê-lo à sua imagem. É um erro muito comum. Lembro que quem alimenta estes eventos não são aqueles que correm para o pódio, que serão talvez 5 a 10% dos participantes. Os outros 90 a 95% fazem-no apenas porque gostam. E são estes últimos que alimentam o btt. 


 Resumo do dia:



Algumas fotos:


 (Os habituais preparativos da chegada)


 (O meu dorsal)




(Aspecto geral da partida)

 (Ai está o rapaz - atrás do camisola "vitalis")


(Um dos nossos "pontas de lança" atacando a cabeça do pelotão!...)






(Companheiro de ocasião, numa das várias levadas de água que fomos encontrando)

(Posando para a câmara, junto a uma levada de água)


(No Posto de Vigia)



(Encosta sul da Gardunha - Alpedrinha e os túneis da A23)



(Sobre a encosta norte da Gardunha, apreciando a Cova da Beira e a Serra da Estrela)




(Cerejas de Alcongosta)




(Pomar de cerejas, em Alcongosta - Uma constante em todo o percurso)



(Aspecto geral da zona de almoço, em pleno parque de campismo)


Podem visualizar ou descarregar o TRACK do percurso aqui
Nota: Contem a ligação do percurso intermédio.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Até às Termas do Cró (pela GR do Vale do Côa)

«A Grande Rota do Vale do Côa - da Nascente à Foz é um projecto promovido pela Associação de Desenvolvimento Territórios do Côa, no âmbito do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) Turismo e Património do Vale do Côa, financiado pelo Programa Operacional Regional do Centro».
In: http://www.atnatureza.org/index.php/projectos-hidder/83-gr-projecto
Tendo
a Associação Transumância e Natureza (ATN) se responsabilizado pelo levantamento, limpeza, marcação e manutenção do trilho, assim como pelo seu Plano de Promoção, para biénio 2013/2014, dispondo para tal de um orçamento de 78 000,00 €, financiados pelo QREN Centro, no âmbito do programa PROVERE.
Tal como a designação deixa antever, a GR do Vale do Coa desenvolve-se pelas margens do rio Coa, ao longo de 220 Km, desde a sua nascente até à foz, atravessando limites territoriais dos concelhos de Sabugal, Almeida, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa.
O que nos havíamos proposto fazer era ligar Figueira de Castelo Rodrigo às Termas do Cró, no concelho do Sabugal, aproveitando as marcações desta GR que apanharíamos logo a seguir à Reigada.
O percurso não me era completamente estranho. Já por diversas ocasiões por aqui tinha andado. A última das quais a 11 de Maio deste ano, no 13.º BTT de Almeida e nos anos de 2010, 2011 e 2012 quando fiz a ligação Figueira C. Rodrigo - Almeida - Ponte Sequeiros.
Como vem sendo hábito, a ideia foi lançada via Facebook e não colheu grande receptividade. Apenas quatro "valentões" responderam à chamada:

Carlos Gonçalves
Luis santos (Chapeiro)
Paulo Moreira (que ultimamente nos tem feito companhia).
Carlos Gabriel, que veio propositadamente de Vila Nova de Foz Coa para nos acompanhar nesta etapa.

Um grupo muito pequeno mas bastante homogéneo, ideal para este tipo de expedições.

Pouco passaria das 8,00 horas quando saímos de Figueira, pela EN 221, em direcção ao cruzamento\rotunda Pinhel\Almeida\Serra da Marofa\Castelo Rodrigo, que contornámos até à 3.ª saída, para a EN 332, seguindo a indicação de Almeida e que haveríamos de largar uns Km mais à frente, nas proximidades da Zona Industrial, para apanhar o trilho que nos obrigaria a passar pelas aldeias de Vilar Torpim, Reigada e daqui, sempre em direcção sul, até às proximidades de Cinco Vilas, ainda nos limites do concelho de Figueira C. Rodrigo, até acertarmos com as marcações da Grande Rota do Vale do Coa, por onde progrediríamos até às termas da Fonte Santa e Almeida, onde faríamos a primeira paragem técnica para reabastecimento.
 De Almeida até ao Jardo, circulámos pelo trilho utilizado no 13.º BTT de Almeida e que nos levaria até à ponte pedonal do Manuel José, que utilizámos para alcançar a margem esquerda do rio e progressão até à ponte de S. Roque, na EN 16, onde reabastecemos de água e bebemos umas "minis" bem fresquinhas no bar do alemão, que nos atendeu por especial favor, depois de lhe batermos à porta, na busca de água potável.
Aqui ainda houve lugar para um breve encontro com os nossos "ponta de lança" Carlos Russo e Pedro Tondela que por ali rolavam de "roda fina", vindos da Guarda.
Sempre pela margem esquerda do rio e por trilhos extremamente técnicos, ora subindo, ora descendo, lá conseguimos chegar à pequena localidade do Jardo, onde fizemos mais uma paragem técnica para reposição de líquidos e sólidos. 
Logo após o Jardo ainda nos entusiasmámos com uma longa descida, extremamente técnica, até à margem do rio, mas depois até Porto de Ovelha andámos completamente à deriva e com as bikes às costas, literalmente. O trilho sempre muito mal marcado, não obstante as "mariolas" que íamos visualizando, aliado às difíceis condições do terreno, ia dificultando a progressão. Durante uma hora andámos neste sobe, desce, vai à frente, vem atrás, procura a marca, avança, vai buscar a bike...
Chegados a Porto de Ovelha, com enorme sensação de alivio!
Por largo pontão pedonal cruzámos novamente o rio até nos acercarmos da ribeira da Arrifana (do Coa), que mais uma vez transpusemos por  característico pontão e onde eu fiz um brilharete passando a vau. Molhei os pezinhos mas valeu bem a pena, tendo aproveitado p/ fazer uma lavagem às botas e pernas, completamente enlameadas (e com bosta de vaca) em resultado de uma paragem forçada (fui ao charco como disse o Carlos Gabriel) ainda antes de chegar ao Jardo.
Seguiu-se a aproximação a Badamálos e novo cruzamento com o Coa, desta vez por ponte rodoviária, e por largo estradão até à "Ponte Sequeiros", classificada como imóvel de interesse público, cuja construção aponta para finais da primeira metade do século XV e eis-nos novamente na margem direita do rio e progressão até Valongo do Coa, onde reabastecemos de água potável. 
De regresso ao rio e nova passagem para a margem esquerda por característico passadiço. Talvez o mais bonito de todos os que cruzámos. Local paradisíaco e muito bem preservado onde pudemos contactar com alguns pescadores que por ali praticavam à linha. 
Alguns minutos depois estávamos em Seixo do Coa e finalmente no Complexo Termal do Cró, onde chegámos pelas 15,20 horas.
Uma pequena sessão fotográfica, enquanto aguardávamos pelo carro de apoio.
 Fica a faltar-nos o troço desde a nascente do rio até ao local onde terminamos. 
Talvez em Setembro, aquando da sua inauguração oficial!
P.S. O dia velocipédico terminou com umas tapas e umas moelas, acompanhadas de umas "bejecas" no sitio do costume e amena cavaqueira.
Grande dia de BTT!

Algumas imagens da nossa passagem:

 (Na EN 221, à saída de Figueira C. Rodrigo, ainda na companhia do Carlos Mata, de roda fina)


(Nas proximidades de Almeida)


(Aproximação a Almeida)

(Passagem pela vila fortaleza de Almeida)






(Sobre a ponte do Manuel José)




(Ao fundo a ponte da A25 sobre o rio Coa)


 (Grupo junto à ponte de S. Roque - EN 16)


 (Pausa para reposição de energias)

 (Aqui se cruzam a GR 22 ou Grande Rota das Aldeias Históricas e a GR do Vale do Coa)




 (Um troço de calçada romana)


(Ultrapassando um pequeno obstáculo)







 (Velha nora)

 (Penando pela calçada romana em direcção ao Jardo)


(Fazendo a higiene!)


 (A parte mais difícil do dia)




 (Pontão junto a Porto de Ovelha)


 (Pontão da ribeira da Arrifana)


 (... sal e brasa!...)


 (Sobre a Ponte de Sequeiros)


(Ponte de Sequeiros)


 (Em direcção a Valongo do Coa)


(Passadiço de Valongo do Coa)


 (No complexo Termal do Cró)



Deixo também um pequeno video da autoria do Carlos Gabriel, que está um mimo:




 A grande desilusão do dia acabou mesmo por ser a ligação JARDO - PORTO DE OVELHA
Já sabem: se se aventurarem por estes trilhos, na ligação JARDO - PORTO DE OVELHA sigam por alcatrão. Serão uns 4 ou 5 Km. 

 Fica a faltar-nos o troço desde a nascente do rio. Talvez em Setembro, aquando da sua inauguração oficial!..

 Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui
 (O track disponibilizado já contem o percurso alternativo Jardo - Porto de Ovelha)

Uma pequena avaliação a esta GR:

O percurso que nós fizemos (Cinco Vilas - Termas do Cró) apresenta, quanto a mim, algumas deficiências em termos de marcações. Impraticável p/ BTT a ligação entre o Jardo e Porto de Ovelha. Andámos completamente à deriva. Mesmo p/ pedestrianistas se me afigura extremamente difícil de seguir. Muito mal marcado, mesmo com a ajuda das "mariolas". Devia haver uma placa no Jardo e outra em Porto de Ovelha a indicar o alternativo, a exemplo do que acontece um pouco antes do Cró onde está sinalizado um percurso alternativo para btt e cavalo.
A limpeza do trilho deixa muito a desejar e é mesmo inexistente em algumas partes. Se agora está assim imagine-se daqui a uns dois anos.
Pareceu-me que o percurso foi marcado, tendencialmente, no sentido da  nascente para a foz do rio. Ora as marcações devem ser feitas de forma a permitir a progressão nos dois sentidos e não só num. Haverá utilizadores que iniciarão na foz e outros na nascente, não?
Outra grande lacuna tem a ver com "pontos de água" não sinalizados. Vimo-nos aflitos p/ arranjar água potável. Na ponte de S. Roque, na EN 16, valeu-nos o "alemão" que por muito especial favor nos arranjou uma garrafa de água. Lembrem-se que a maioria dos utilizadores da GR serão "bttistas". 

 Outro aspecto que julgo deve merecer alguma atenção dos promotores serão as "portaleiras" que aparecem nos locais mais improváveis e que deveriam estar sinalizadas, especialmente as que estão a meio das decidas. Sou adepto da sua convivência, até para não criar animosidades entre as gentes locais que terão que encarar os potenciais utilizadores da GR como uma mais valia e não como um empecilho ou um obstáculo ao desenvolvimento da suas actividades.

No entanto sente-se que esta GR do Vale do Coa tem enormes potencialidades. O traçado do percurso é lindíssimo e as constantes passagens pedonais sobre o rio conferem-lhe um encanto extra, para além de que não é muito exigente em termos físicos.
Toda esta zona de Riba Coa  carrega Seculos de história. É riquíssima em termos monumentais. Lembro os Castelos do Sabugal, Sortelha, Alfaiates, Vilar Maior, a fortaleza de Almeida, Castelo Rodrigo, Castelo Melhor, as gravuras rupestres de Foz Coa, o museu do Coa. Tudo englobado num único itinerário.
A fauna e flora constituem um património único. De que destaco os vinhedos e os olivais junto à sua foz.