terça-feira, 26 de novembro de 2019

Moncorvo - A terra talhada a ferro


O ciclo do ferro na região de Torre de Moncorvo remonta à Idade do Ferro e atinge o seu epílogo nos fins do Seculo XX, com o encerramento da "Ferrominas, E.P". e o abandono da lavra no Carvalhal/ Mua. 
Ao todo dois milénios e meio de duração.
Desta longa exploração ficou todo um legado arqueológico industrial completamente abandonado e à mercê do tempo.
Pedalar em Torre de Moncorvo, em redor das serras do Reboredo e da Mua, é uma autentica benesse dos deuses.
E foi isso mesmo que os amigos Rui Daniel e o Júlio Canteiro nos proporcionaram no passado Domingo, através de um informal passeio "bttistico".
Já por aqui tinha andado em 2016 e a vontade de regressar sobrepunha-se!
Na orla da aldeia de Carviçais, onde iniciámos, destaque para a passagem pela Fonte do Gil, da calçada que lhe dá acesso e das minas do Poio, em cujas galerias se fazia a exploração de volfrâmio.
Localizada na vertente norte da Serra do Reboredo, a aldeia de Felgar estende-se por soalheira encosta junto ao Cabeço da Mua e o seu entorno oferece vistas largas sobre o vale do Sabor e a albufeira da barragem, cujas águas se estendem pelo nordeste Transmontano.
O miradouro de Sta. Barbara, na aldeia de Mós, antiga vila medieval onde ainda é possível apreciar algum património da época, oferece vista privilegiada sobre o vale da ribeira com o mesmo nome.
Ainda em Carviçais, o dia velocipédico terminou com visita ao Restaurante "O Artur" onde podemos aconchegar o estômago com um bom naco de vitela, a imagem de marca da casa.
 Para “fazer boca“ as entradas, que por si só são já uma satisfação: Alheiras de Carviçais, melão com presunto e queijo de ovelha da região.
E as expectativas não saíram defraudas.
Que mais esperar do cinzentão com que o S. Pedro quis adornar o dia?

Pedalar na área municipal de Torre de Moncorvo cria-me alguma incomodidade. Incomodidade essa que é traduzida numa enorme vontade de querer sempre regressar!

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Algumas imagens:


(Santuário N. Sra. de Fátima - Felgar)








(Fonte do Gil - Carviçais)


(Galerias das Minas do Poio - Carviçais)


(Miradouro de Sta. Barbara - Mós)




Fica, ainda, um vídeo elaborado pelo Júlio Canteiro:


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

As cores quentes do Outono - 2019

Para a grande maioria a Serra da Estrela resume-se à neve e a um passeio de fim-de-semana.
Mas a Serra da Estrela é muito mais do que isso.
A Serra da Estrela é também sinónimo de vales encantados, imponentes e curiosas formações rochosas, miradouros com paisagens de cortar a respiração, bosques mágicos que parecem recortados de contos de fadas, lagoas deslumbrantes, óptima gastronomia e, sobretudo, trilhos de classe mundial.

E foi por alguns desses fabulosos trilhos que ontem (Domingo) nos aventurámos.
Palmilhar estes trilhos é descobrir algo de novo a cada instante, é sentir os odores da serra, é ver magníficos quadros e paletas de cores quentes harmoniosamente distribuídas, como não sentimos em mais lado nenhum.

Ontem (Domingo) experienciámos ainda, de forma intensa, as agruras da Serra, especialmente no "Corredor dos Mouros" onde fomos fortemente fustigados pelo vento e pela chuva que, não sendo intensa, era sentida como se estivéssemos a receber alfinetadas.

Fizemos jus ao proverbio: "De são e de louco todos temos um pouco"!

Percurso circular, desenhado pelo Carlos Russo (CR BikeStudio), com cerca de 40 Km, com um D+ a rondar os 1 200 m, extremamente aprazível mas algo exigente em termos técnicos, especialmente na cumeada do "Corredor dos Mouros", onde se atinge a cota máxima e na envolvente da Mata de S. Lourenço, de onde descemos, por entre muros, até às fraldas da vila de Manteigas, para terminar em apoteose no Skiparque (Sameiro), onde iniciámos.

Um grande bem haja aos loucos que me acompanharam!

Ficam as imagens possíveis, de dia muito "bera", quer para pedalar quer para fazer fotografias.










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terça-feira, 27 de agosto de 2019

Pelos Passadiços de Aveiro!

Passar por Aveiro e não espreitar a Ria é como ir a Roma e não ver o Papa!
Mesmo que não o façam de bicicleta, podem sempre optar por um passeio marítimo dentro da cidade, usufruindo das várias opções/operadores dos velhinhos moliceiros, entretanto, convertidos em barcos turísticos. As propostas são muito variadas e para todas as bolsas. Basta ter algum cuidado na escolha. Se o passeio incluir uma ida a S. Jacinto então será ouro sobre azul.
Se quiserem ir um pouco mais longe e conhecer a Costa Nova e as suas casas às riscas ou a Barra, onde está o maior farol da Península Ibérica, passando pelo Jardim Oudinot, onde está acostado o Navio-Museu Santo André, antigo bacalhoeiro, podem optar pelos, não menos interessantes, "tuck-tuck".
Eu prefiro ir até à ponte móvel de S. João, sobre o canal de S. Roque, que faz a ligação ao centro da cidade (Rossio), já na margem norte da A 25, mesmo junto às salinas, onde também podem optar pelos "tuck-tuck".
O projecto “bttistico” para o dia assentava, essencialmente, por ir conhecer os “Passadiços da Esgueira”, inaugurados em 2018 e que tanta curiosidade me despertaram, através de elogiosos artigos em várias revistas da especialidade, embora depois se prolongasse por uns rolantes 90 Km, que nos levariam até Estarreja, Murtosa, Torreira e S. Jacinto, onde apanharíamos o “ferry” que nos haveria de transportar até ao Forte da Barra … já na margem sul!
Julgo que estará para breve o seu prolongamento até Estarreja, passando por Albergaria-a-Velha, num total de cerca de 23 Km.
Por enquanto temos que nos contentar com os cerca de 7 Km, disponíveis entre o Cais de S. Roque, mesmo no centro da cidade, e a aldeia de Vilarinho, num percurso feito, maioritariamente, em passadeira de madeira, assente em estacaria, ao longo da Ria, incluindo ainda alguns troços em terra batida, que se viriam a revelar extremamente aprazíveis, onde não vão faltando estruturas de apoio, tais como bares\esplanadas, ainda que explorados por privados e onde chegaríamos pelas 11,00 horas, depois de resolvido um pequeno percalço no pneu traseiro da minha bicicleta.

Quanto a mim a melhor parte do dia para fazer o percurso será pela manhã, bem cedo ou, então, ao final da tarde. Sendo certo que cada altura do dia conferirá uma perspectiva diferente da Ria e do seu entorno.

Mais um passeio memorável, que constituiu apenas um bom motivo para apreciar aquela que é, quanto a mim, uma das zonas mais bonitas e interessantes deste Portugal à beira-mar plantado.


 Um grande bem-haja ao João Baptista pela companhia.










Deixo, ainda, um vídeo:



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Até Mira com areia nas botas!


Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que só faz praia quem não sabe fazer mais nada!
Eu como não consigo estar mais do que dois dias de papo para o ar, restam-me duas alternativas: Ou fico a ver passar os navios ou programo umas “voltinhas” de bicicleta.
Constituía objectivo desta rumar a sul até alcançar Mira, progredindo, sempre que possível, à beira-mar.
Com o QG (Quartel-General) montado na Praia de Barra, Ílhavo, era minha intenção aproveitar ao máximo as infraestruturas disponíveis, onde incluo as ciclovias e os passadiços.
Se bem que os passadiços, nesta época do ano, não são muito aconselháveis dada a grande afluência de veraneantes.
Até à praia da Vagueira nem precisei de consultar o GPS, bastando seguir o alcatrão!...
A partir daqui e enquanto houve terra firme, a progressão fez-se de forma decidida e rápida. 
Os verdadeiros problemas começaram a surgir quando me embrenhei na “Gandara”, zona caracterizada por dunas sedimentares, de formação muito recente, onde a progressão seria feita de forma apeada, por mais de 2 Km, até alcançar a barra de Mira, onde optei pelo alcatrão, pois já desesperava.
Após Mira penetrei na Mata Nacional, ou do que resta dela, pois era-me exibido todo um cenário desolador provocado pelos incêndios de 2017, com o objectivo de alcançar a Vala de Fervença, junto à povoação de Ermida, onde pretendia iniciar a pista ciclo-pedonal até à lagoa de Mira.

Quem por aqui passeia e usufrui das pistas ciclo-pedonais, sente de forma muito intensa as diferentes paisagens que vai atravessando, desde o oceano e orla costeira dunar, seguida por uma mancha verde florestal assente em dunas, retalhados campos agrícolas junto às povoações, diversos cursos de água e, sobretudo, as suas lagoas de água doce - a Barrinha de Mira e a Lagoa de Mira, em cenários paisagísticos únicos, que convidam à sua visitação.

Ficarão para a "estória" os cerca de 80 Km agora percorridos, onde o acumulado ascendente até foi insignificante mas que produziu em mim sensações como há muito não vivia.
 
É bem verdade: O marasmo nunca fez avançar o mundo!

Algumas imagens:


















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