quarta-feira, 24 de junho de 2020

Entre o Penedo Durão e a Calçada de Alpajares

O Penedo Durão e toda a sua envolvente, formada pelas Calçadas de Alpajares e da Santa Ana, têm andado arredados dos meus circuitos “bttisticos”. Já nem me consigo lembrar da última vez que por aqui passei. 
Aconteceu no passado Domingo (21/06) a insistência da rapaziada de Moncorvo e com a colaboração do Carlos Tavares, de Freixo de Espada à Cinta.

O Penedo Durão é dos locais mais emblemáticos do PNDI – Parque Natural do Douro Internacional. Medonho, debruça-se, em precipício, a centenas de metros, sobre o Douro e a Barragem de Saucelle, aproveitamento hidroeléctrico espanhol, em funcionamento desde 1956, e a foz do Huebra. Daqui conseguimos visualizar o dorso dos grifos, voando abaixo de nós. 

O caminho a poente, sob a cumeada, leva-nos até ao “Assomadouro”. Aqui a vista é inolvidável. Lá ao fundo Barca de Alva e a foz do Águeda, mais próximo a Ribeira do Mosteiro, pequeno afluente do Douro, rodeadas por boleados e xistosos terrenos e pelas peculiares quintas durienses, envolvidas em vinhas novas, ancestrais olivais e, ponteadas aqui e ali, por amendoais e laranjais, que nos transmitem uma breve e harmoniosa nota mediterrânica. 

O vale estrutural da Ribeira dos Mosteiros alberga um conjunto paisagístico e patrimonial que, por muito que nos esforcemos, não conseguimos avaliar por fotografia. Aqui só visto. É um assombro o que se vê. Local disforme, emparedado por entre gigantescos penedos quartziticos e a profunda e estreita garganta formada pela ribeira, cujas dobras e falhas fazem as delicias dos geólogos. Aqui o silêncio chega a ser incómodo. 
Há até quem diga que o fraguedo contorcido é obra de Deus ou do Diabo. Eu costumo dizer que aqui trabalharam em conjunto, tal a magnitude da obra feita! 

O inesperado acontece quando deixamos a aldeia de Poiares e alcançamos a calçada de Alpajares, por aqui também conhecida por calçada do Diabo, cujo acesso se pode também fazer a partir da Ribeira do Mosteiro, na confluência com a Ribeira do Brita, seguindo o percurso sinalizado, até alcançar as ruínas do castro de São Paulito, próximo a um pombal, entretanto convertido em casa de arrumos e onde é possível apreciar algumas sepulturas antropomórficas (que só agora descobri). 
De traçado ziguezagueante, construída em singulares lacetes, transporta-nos para o Portugal selvagem, rude e esotérico. 
O vale da Ribeira do Mosteiro constitui um dos ex-líbris nacionais em termos geológicos, paisagísticos e ecológicos do Portugal esquecido. 

Desta vez não visitamos a calçada da Santa Ana, quanto a mim, ainda mais imponente que a de Alpajares. Fará parte de um próximo roteiro.


(Miradouro do Penedo Durão)


(Assomadouro)


(Sepulturas antropomórficas - Castro de S. Paulito)


(Calçada de Alpajares)


(Ribeira do mosteiro - Ponte das Alminhas e troço da Calçada de Santa Ana)


segunda-feira, 8 de junho de 2020

Poço do Fumo numa voltinha dos tristes

Reza a lenda que um pai, recém encartado, obrigava a mulher e os filhos a darem sempre o mesmo passeio aos domingos, de forma a treinar os seus dotes de condução. Essa família, esteja ela onde estiver, foi muito importante para a Humanidade pois, ainda que involuntariamente, criou a denominada “voltinha dos tristes”!!!

No meu caso corresponde àquele trajecto seleccionado por defeito, à falta de programa mais atraente!

Como não havia um programa “bttistico” definido p/ o Domingo, decidir aproveitar a “deixa” colocada no Facebook pelo Carlos Gabriel no Sábado e, já noite dentro, desenhei um TRACK que me haveria de levar ao Poço do Fumo, no rio Côa.

O Poço do Fumo é uma queda de água formada por entre rochedos de natureza quartzítica, localizada imediatamente a seguir à foz do Massueime, pequeno afluente do Côa, que nasce próximo da Guarda e atravessa os concelhos de Trancoso, Pinhel e Mêda, onde vai desaguar junto a Cidadelhe, já nos limites territoriais de Vila Nova de Foz Coa. 
Paisagem rude e selvagem, caracterizada por profundo vale, pontuado aqui e ali por vinha, olival e amendoeira, de difícil acesso.

E as expectativas não saíram defraudadas. Não consegui visualizar a cascata em toda a sua plenitude, mas ficou a ideia para uma futura visita, pela outra margem.

Quanto à voltinha: 45 Km, deliciosos mas algo transpirantes, não obstante o dia se apresentar bastante nebuloso.

Podem visualizar (ou descarregar) o TRACK aqui