segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A Pura da Loucura!

A vontade de ir até à Serra, (da Estrela) aproveitando as condições que oferece nestes dias, era muita.
Um "post" partilhado na minha página do Facebook e um comentário do Carlos Gabriel, foi tudo quanto bastou para despoletar tal "apetite"!
O percurso, há muito seleccionado, apenas aguardava vez e o dia certo para a sua concretização.
Da Covilhã em direcção ao Alto de S. Gião, com passagem pela fonte dos Amieiros, Verdelhos, Poço do Inferno, Nave de Santo António e Torre.
Um pouco antes das 7,45 horas já o Carlos Gabriel, vindo de Vila Nova de Foz Coa, estava plantado à porta da minha casa para carregar a bike.
À saída de Figueira a manhã cinzenta e fria ainda viria a gerar alguma apreensão, pois não condizia com a previsões meteorológicas. O que é certo é que quando chegámos à Covilhã o sol raiava e convidava a um bom passeio.
A pressa de calcorrear estes trilhos era muita. 
Um pouco antes das 9,00 horas já  estávamos na Covilhã, onde se juntaria a nós o Carlos Russo, que apenas nos iria acompanhar até à Fonte dos Amieiros pois compromissos assumidos impossibilitavam-no de nos acompanhar.
O trajecto previamente definido já havia sido percorrido noutras ocasiões pelo que seria sempre de prever alterações dependendo, em parte, da nossa vontade e das condições do piso.
E assim viria a acontecer. A ideia inicial passava por seguir o asfalto da EM 501 até ao Alto de S. Gião. Porém o Carlos Russo sugeriu um alternativo, que seguimos até até à Fonte dos Amieiros. 
Feita a "selfie" da praxe inverteu a marcha e nós prosseguimos com a nossa aventura. 
E que aventura!...
De Verdelhos até à Torre serão cerca de 30 Km, sempre em plano inclinado ascendente e onde teríamos que lutar contra um acumulado de subida a rondar 1 500 m. Algum respeito mas nada que intimidasse os "atletas"!.
De vez em quando lá íamos olhando para trás, de forma a poder apreciar todo o vale da Ribeira de Beijame que ia ficando cada vez mais longínquo na exacta medida em que nos  aproximávamos do Poço do Inferno onde, para grande surpresa, não havia vestígios de neve.
O objectivo seguinte passava por atingir o planalto onde está localizada a Lagoa Seca, paralelo ao Vale Glaciar do Zêzere e a sul deste. E foi exactamente a partir do Poço do Inferno que a paisagem se começou a alterar, com o surgimento das primeiras "ilhas" de neve. 
A paisagem alterou-se de tal forma que quando chegámos à Lagoa Seca a neve era continua e assim haveria de continuar até à Nave de Santo António.
Êxtase total. 
Palavras para quê. 
Tínhamos aquilo tudo só para nós. 
A condução das bicicletas tornava-se divertida e, ao mesmo tempo, extremamente exigente para as pernas.
Pedalar na neve é, um pouco, como pedalar sobre lama. Há que procurar a mudança certa, nem muito leve nem muito pesada e ... força nas pernas.
Depois dos desequilíbrios iniciais ... foi a pura da loucura!
Na Lagoa Seca uma "expedição" de veículos TT viria a envergonhar a nossa "festa"!
Quais criancinhas crescidas!
Brincadeiras e fotos fizeram com que "apenas" chegássemos à Nave de Santo António faltariam poucos minutos para as 16,00 horas.
Aqui o Carlos Gabriel viria a tomar a opção mais sensata: Seguiu directamente para a Covilhã enquanto eu me enchi de coragem e ainda trepei até à Torre.
Do que me viria a arrepender pois aqueles cinco Km (desde a Nave de Santo António à Torre) nada mais acrescentariam ao objectivo proposto a não ser o frio intenso com que tive de me debater no sentido descendente.

 Uma pequena mensagem para os eventuais "aventureiros":
A vivência destas "expedições" é sempre susceptível de algum risco.
Tenham o maior dos respeitos pela Serra. Aquilo nem sempre é o que parece. Se se aventurarem por lá tenham sempre isto em conta: Respeitem-na.
Seleccionem o percurso mais adequado à vossa condição física.
Procurem ter a certeza das condições meteorológicas que vão encontrar. Em caso de dúvida adiem o passeio, pois um dia que se quer bem passado pode tornar-se num autentico pesadelo.
Nunca avancem sozinhos. Sempre em grupo e de preferência com quem tenha algum conhecimento dos trilhos a percorrer.
Lembrem-se que os telemóveis, na Serra, nem sempre têm rede.
Transportem sempre na mochila mais alimentos do que aqueles que julgam necessários. Solidos de preferencia.
Um corta-vento também deve ser obrigatóriamente incluido na mochila.
Não abusem do esforço. Adequem-no à condição fisica. É preferivel chegarem ao final e sentirem que ainda têm "pilhas" para mais uns bons Km do que necessitarem delas e já não aguentarem a carga!


Resumo do dia:





Algumas fotos:


(Na Covilhã, junto à "Bikestudio")




(Selfie junto à Fonte dos Amieiros)


(Sarzedo)


(Ao fundo Verdelhos)




(No Poço do Inferno)






















(Nave de Santo António)




(Cântaro Magro)


(Torre)


Um video elaborado pelo Carlos Gabriel:



Nota: Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui