terça-feira, 22 de julho de 2014

Ecopista do Sabor - Os comboios já não passam aqui!

Simbolicamente inaugurada a 5 de Junho de 2006 - dia do ambiente, esta infraestrutura faz o aproveitamento da antiga plataforma de via na desactivada Linha do Sabor e prolonga-se por cerca de 25 Km desde a sede do município transmontano de Torre de Moncorvo até um pouco antes da antiga estação de Freixo de Espada à Cinta, no sopé da Serra do Reboredo e está vocacionada, sobretudo, para o lazer, tendo como utilizadores privilegiados os pedestrianistas e praticantes de ciclismo, na vertente de btt.
Não sendo totalmente plana não apresenta um grande declive. No sentido Torre de Moncorvo - Carviçais sobe dos 390 até perto dos 700 m de ascendente. O pavimento é em terra batida.
Já no passado mês de Março, quando por aqui tinha passado numa voltinha em "roda fina", havia notado algum desleixo na sua manutenção que agora viria a confirmar.
Se não for intervencionada as silvas e as giestas tomarão conta dela de forma irreversível. Já bem perto do seu terminus, num pequeno segmento de cerca de 150 m, apresentou-se mesmo intransitável. Mas onde se nota mais o desleixo é nas resguardas de madeira que aos poucos vão apodrecendo e tombando sem que alguém cuide delas.
A  falta de civismo e o uso indevido também ajudam à sua degradação. Chegámos a ver montes de erva e terra arrastados por tractor agrícola desde propriedade privada e depositados de forma bem intencional na pista.
Em degradação acentuada também os edifícios das antigas estações e apeadeiros. Com excepção para a antiga estação do Larinho que tem um pequeno bar de apoio (que encontrámos encerrado).
Apesar de ser Domingo e o dia convidar à sua utilização somente nos cruzámos com dois utilizadores, praticantes de ciclismo.
Estou em crer que se se iniciasse no Pocinho e se prolongasse até Miranda do Douro o leque de utilizadores aumentaria exponencialmente. Assim começa em Torre de Moncorvo e termina em ... lado nenhum.
E assim se desperdiçam cerca de dois milhões de euros (corrijam-me se estiver enganado)!
A oportunidade de fazer esta via surgiu a convite do Carlos Gabriel.
A parte mais difícil do dia foi mesmo a alvorada. Às 7,00 horas já estava em Vila Nova de Foz Coa, na companhia do meu "puto" mais novo, onde nos juntámos ao Carlos Gabriel, Valter e J. Adelino Maurício.
De Foz Coa até ao Pocinho andámos sempre envolvidos pelos vinhedos do Alto Douro Vinhateiro.
No Douro um espectáculo único: Um barco turístico descia o rio e transpunha a barragem do Pocinho.
Depois até Moncorvo pela antiga EN 220.
Já no interior de  Moncorvo entrámos na Ecopista um pouco antes da antiga estação e por ali haveríamos de andar por uns ultra rápidos 25 Km. Pelo meio as antigas estações de Larinho, Carvalhal, Cabeço da Mua e de Carviçais e ainda uma breve passagem pelo paredão da albufeira de Vale dos Ferreiros.
Após Carviçais entrámos, novamente na EN 220 por onde progredimos até ao cruzamento da EN 221, para acertarmos com o track da Transportugal, em direcção a Freixo de Espada à Conta. Merece especial destaque a passagem por Mazouco onde fomos presenteados com paisagens espectaculares sobre a bacia hidrográfica do Douro Internacional.
Em Freixo deu-se a separação do grupo: Os de Foz Coa seguiram até à praia fluvial da Congida onde tinham familiares à espera e nós prosseguimos até à aldeia de Poiares, à procura da famosa Calçada de Santana, que viríamos a encontrar  extremamente degradada em virtude das fortes chuvadas dos últimos dias.
Após Barca de Alva enveredámos pela EN 221 até Figueira C. Rodrigo, onde chegámos passados 15 minutos das 15,00 horas.

Voltinha exigente em termos físicos e extremamente rolante, que se recomenda seja feita em numeroso grupo e que deve ser aproveitada p/ melhor conhecer a zona, em especial Torre de Moncorvo, as minas do Carvalhal (Ferro-minas), a aldeia de Felgar, Mazouco e Freixo de Espada Cinta. Podendo ainda fazer-se um ligeiro desvio até ao miradouro do Penedo Durão pois a envolvente paisagística a isso convida.

Resumo do dia:

        Distancia percorrida: +/- 103 Km
      Acumulado de subida: 2068 m
    Acumulado de descida: 1793 m


Algumas fotos:


 (Cruzeiro no Douro, junto à Quinta das Túlhas\Foz do Coa)


 (Saindo de Vila Nova de Foz Coa)


 (O Douro e as vinhas - Alto Douro Vinhateiro)


 (Entrando na eclusa da barragem do Pocinho)


 (Esperando pela abertura da eclusa)


 (Aproximação a Torre de Moncorvo)


 (Entrando na Ecopista do Sabor)





 (Chegando ao Larinho)


 (Cabeço da Mua - Complexo mineiro desactivado)


 (Exploração de resina)




 (Albufeira de Vale dos Ferreiros)


 (Chegando a Carviçais)


 (Em Carviçais)


 (O grupo na desactivada estação de Carviçais)









 (Panorâmica de Mazouco e do Douro Internacional)


 (Em Freixo de Espada à Cinta)



 (Na Calçada da Santana - Poiares)


 (Em Barca de Alva)


 (No miradouro do Alto da Sapinha - Escalhão)


Gráfico de altimeteria:





Podem visualizar ou descarregar o TRACK do percurso aqui.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Pela GR do Vale do Coa (Cinco Vilas - Cidadelhe)

Domingo passado (6 de Julho) foi dia de mais um "reconhecimento" da GR do Vale do Coa, no troço Cinco Vilas - Cidadelhe.
Tal como já aqui referi a GR do Vale do Coa desenvolve-se pelas margens do rio Coa, ao longo de 220 Km, desde a sua nascente até à foz, atravessando limites territoriais dos concelhos de Sabugal, Almeida, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa. 
O desafio que nos havíamos proposto era fazer a ligação desde Cinco Vilas (Figueira C. Rodrigo) até Cidadelhe (concelho de Pinhel), seguindo as marcações desta recém criada GR do Vale do Coa.
Não obstante estarmos em pleno mês de Julho as previsões meteorológicas apontavam para um dia frio e chuvoso, o que se viria a confirmar. A chuva acabaria, aliás, por nos fustigar durante boa parte do dia e de forma algo intensa já na parte final do percurso.
A adesão do pessoal não foi grande nem tal era esperado, pois do "cardápio" constavam cerca de 70 Km, que se viriam a revelar bem durinhos.
Alguns cuidados extra com a hidratação pois tudo apontava para a total ausência de pontos de água.
Pouco passaria das 9,00 horas quando demos inicio a esta aventura. E que aventura meus amigos!
Até às Cinco Vilas progredimos por "trilhas" de todos bem conhecidos. 
A primeira marca da GR viríamos a encontrá-la já nas proximidades do rio Coa.
Neste "tramo" merecem especial destaque os vários açudes que vamos encontrando ao longo do rio e a soberba e inóspita paisagem que proporciona a ponte velha (romana), ou melhor: O que resta dela. 
A progressão obriga-nos à passagem para a margem esquerda do rio, utilizando o paredão do açude de Vale de Madeira entrando, desta forma, nos limites territoriais do concelho de Pinhel.
Segue-se um troço de calçada romana muito bem preservado, com cerca de 2 Km, feito no sentido ascendente e que se viria a revelar algo exigente para as pernas. Eu já conhecia mas o Carlos Russo e o Pedro Tondela fizeram-no pela primeira vez.
A calçada prolonga-se até à ribeira das Cabras, muito próxima de Pinhel, no entanto as marcações, uma vez no topo, obrigam-nos a flectir a norte, em direcção a Quinta Nova, para nos aproximarmos novamente do rio, utilizando um trilho por todos sobejamente conhecido de outras aventuras "bttisticas", extremamente perigoso e onde não raras vezes vão acontecendo umas quedas. Desta vez a vitima fui eu: Ali fiz uma bela "joelheira"!

Chegados à "Ponte Coa", na EN 221 - ligação Figueira C. Rodrigo\Pinhel - o trilho continua pela margem esquerda do rio, agora em terrenos da Quinta da Chinchela que não são ciclaveis. De modo a ultrapassar esta dificuldade não restou outra alternativa se não utilizar a EN 221, em direcção a Pinhel, por cerca de 2 Km até ao caminho que conduz ao centro de produção de energia da mini hídrica e à foz da ribeira da Cabras, por onde acedemos até acertar novamente com as marcações da rota. 
Foi a partir daqui que verdadeiramente começaram as dificuldades. 
A foz da ribeira das Cabras foi apenas a primeira de muitas que viríamos a encontrar. O seu atravessamento só é\foi possível com a bike às costas, saltando de calhau em calhau. 
Serão "apenas" uns 20 a 25 m de cuidados extremos, pois o mínimo deslize pode provocar graves mazelas no esqueleto!
De Verão esta tarefa é possível com cuidado redobrado porque a ausência de água deixa as pedras bem visíveis mas de todo impossível nos meses mais chuvosos.
Após a ribeira vamo-nos afastando do rio. Na outra margem a Quinta da Moreirola, bem conhecida de outras voltas.
Seguem-se cerca de 5 Km, em pendente ascendente, pelos domínios territoriais da quinta da Cotovia, onde tivemos que vencer um desnível de 266 m, até às proximidades da Aldeia velha de Azevo. 
Sem duvida a parte mais desinteressante e monótona do dia.
A partir do Azevo e até Cidadelhe muitas dificuldades em seguir as marcas da GR. Deficientes marcações e trilho muito "sujo" obrigaram-nos mesmo a procurar um percurso alternativo. Só com a preciosa ajuda do GPS conseguimos sair destes labirintos.
Um pouco antes de Cidadelhe cruzámo-nos com a GR 22 (Grande Rota das Aldeias Históricas).
A grande surpresa do dia viria, no entanto, a acontecer em Cidadelhe onde, sem que nada o fizesse prever, conseguimos umas "minis" bem fresquinhas num pequeno bar. Isto numa altura em que já acusávamos a falta de água nas botelhas.
De Cidadelhe até Figueira C. Rodrigo seguimos o alcatrão. Alucinante a descida até ao rio, transposto pela ponte da União, a que se seguiram 15 penosos Km até Figueira C. Rodrigo, com passagem por Vale de Afonsinho e Freixeda do Torrão. 
Podíamos muito bem ter seguido pela GR 22 até Castelo Rodrigo ou continuar pela GR do Vale do Coa, entrando na Faia Brava, com progressão até Algodres. Mas dado o adiantado da hora decidi-mo-nos pelo percurso mais rápido.

A GR, em Cidadelhe, prolonga-se pela parte antiga da povoação e dali, por trilho extremamente técnico, totalmente vocacionado para pedestrianistas, até ao rio Coa, que também não é ciclável. Tenham, pois, isto em atenção. 
 Podem também optar pela GR 22 um pouco antes de Cidadelhe até à EM que dá acesso ao rio. Após o que têm as opções antes mencionadas.

Em jeito de resumo direi que do já "reconhecido" desta GR a ligação que agora fizemos é a mais desinteressante e monótona. 
Os promotores tem ainda muito trabalho para realizar. A passagem pela foz da Ribeira das Cabras tem de ser revista e a limpeza (a sério) do trilho deverá ser outra das suas preocupações, pois nalgumas partes apresenta-se mesmo intransitavel.
A rever as marcações, em especial desde o Azevo até Cidadelhe.

P.S. - A inauguração (oficial) da GR do Vale do Coa vai acontecer nos dias 3, 4 e 5 de Outubro e, a fazer fé na informação que me foi transmitida, vai ser uma coisa em grande, com os promotores a garantirem dormida e transporte para todos. 
Quando a esmola é grande o pobre desconfia. A ver vamos!

Até Cidadelhe não encontramos um único ponto de água potável.



Gráfico de altimetria e resumo do dia



Podem visualizar ou descarregar o TRACK do percurso AQUI
Legenda: A verde o projecto que contem o traçado da GR do Vale do Coa
                  A violeta o trajecto efectivamente realizado

Algumas fotos:



(Ponte Romana de Cinco Vilas - Foto Carlos Russo)



(No açude Vale de Madeira - Foto Pedro Tondela)


(Foz da Ribeira das Cabras)



.(Quinta da Cotovia - Ruínas do casario)






(Curiosa plantação de cactos em Azevo)



(Pormenor de balcão em casa típica - Azevo)



(Intransitável)



(Aqui se cruza a GR 22 com a GR do Vale do Coa)

(Em Cidadelhe)



(Rio Coa, a montante da Ponte da União - Cidadelhe)



(Painel da Faia Brava)