terça-feira, 27 de agosto de 2019

Pelos Passadiços de Aveiro!

Passar por Aveiro e não espreitar a Ria é como ir a Roma e não ver o Papa!
Mesmo que não o façam de bicicleta, podem sempre optar por um passeio marítimo dentro da cidade, usufruindo das várias opções/operadores dos velhinhos moliceiros, entretanto, convertidos em barcos turísticos. As propostas são muito variadas e para todas as bolsas. Basta ter algum cuidado na escolha. Se o passeio incluir uma ida a S. Jacinto então será ouro sobre azul.
Se quiserem ir um pouco mais longe e conhecer a Costa Nova e as suas casas às riscas ou a Barra, onde está o maior farol da Península Ibérica, passando pelo Jardim Oudinot, onde está acostado o Navio-Museu Santo André, antigo bacalhoeiro, podem optar pelos, não menos interessantes, "tuck-tuck".
Eu prefiro ir até à ponte móvel de S. João, sobre o canal de S. Roque, que faz a ligação ao centro da cidade (Rossio), já na margem norte da A 25, mesmo junto às salinas, onde também podem optar pelos "tuck-tuck".
O projecto “bttistico” para o dia assentava, essencialmente, por ir conhecer os “Passadiços da Esgueira”, inaugurados em 2018 e que tanta curiosidade me despertaram, através de elogiosos artigos em várias revistas da especialidade, embora depois se prolongasse por uns rolantes 90 Km, que nos levariam até Estarreja, Murtosa, Torreira e S. Jacinto, onde apanharíamos o “ferry” que nos haveria de transportar até ao Forte da Barra … já na margem sul!
Julgo que estará para breve o seu prolongamento até Estarreja, passando por Albergaria-a-Velha, num total de cerca de 23 Km.
Por enquanto temos que nos contentar com os cerca de 7 Km, disponíveis entre o Cais de S. Roque, mesmo no centro da cidade, e a aldeia de Vilarinho, num percurso feito, maioritariamente, em passadeira de madeira, assente em estacaria, ao longo da Ria, incluindo ainda alguns troços em terra batida, que se viriam a revelar extremamente aprazíveis, onde não vão faltando estruturas de apoio, tais como bares\esplanadas, ainda que explorados por privados e onde chegaríamos pelas 11,00 horas, depois de resolvido um pequeno percalço no pneu traseiro da minha bicicleta.

Quanto a mim a melhor parte do dia para fazer o percurso será pela manhã, bem cedo ou, então, ao final da tarde. Sendo certo que cada altura do dia conferirá uma perspectiva diferente da Ria e do seu entorno.

Mais um passeio memorável, que constituiu apenas um bom motivo para apreciar aquela que é, quanto a mim, uma das zonas mais bonitas e interessantes deste Portugal à beira-mar plantado.


 Um grande bem-haja ao João Baptista pela companhia.










Deixo, ainda, um vídeo:



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Até Mira com areia nas botas!


Costumo dizer, em jeito de brincadeira, que só faz praia quem não sabe fazer mais nada!
Eu como não consigo estar mais do que dois dias de papo para o ar, restam-me duas alternativas: Ou fico a ver passar os navios ou programo umas “voltinhas” de bicicleta.
Constituía objectivo desta rumar a sul até alcançar Mira, progredindo, sempre que possível, à beira-mar.
Com o QG (Quartel-General) montado na Praia de Barra, Ílhavo, era minha intenção aproveitar ao máximo as infraestruturas disponíveis, onde incluo as ciclovias e os passadiços.
Se bem que os passadiços, nesta época do ano, não são muito aconselháveis dada a grande afluência de veraneantes.
Até à praia da Vagueira nem precisei de consultar o GPS, bastando seguir o alcatrão!...
A partir daqui e enquanto houve terra firme, a progressão fez-se de forma decidida e rápida. 
Os verdadeiros problemas começaram a surgir quando me embrenhei na “Gandara”, zona caracterizada por dunas sedimentares, de formação muito recente, onde a progressão seria feita de forma apeada, por mais de 2 Km, até alcançar a barra de Mira, onde optei pelo alcatrão, pois já desesperava.
Após Mira penetrei na Mata Nacional, ou do que resta dela, pois era-me exibido todo um cenário desolador provocado pelos incêndios de 2017, com o objectivo de alcançar a Vala de Fervença, junto à povoação de Ermida, onde pretendia iniciar a pista ciclo-pedonal até à lagoa de Mira.

Quem por aqui passeia e usufrui das pistas ciclo-pedonais, sente de forma muito intensa as diferentes paisagens que vai atravessando, desde o oceano e orla costeira dunar, seguida por uma mancha verde florestal assente em dunas, retalhados campos agrícolas junto às povoações, diversos cursos de água e, sobretudo, as suas lagoas de água doce - a Barrinha de Mira e a Lagoa de Mira, em cenários paisagísticos únicos, que convidam à sua visitação.

Ficarão para a "estória" os cerca de 80 Km agora percorridos, onde o acumulado ascendente até foi insignificante mas que produziu em mim sensações como há muito não vivia.
 
É bem verdade: O marasmo nunca fez avançar o mundo!

Algumas imagens:


















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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Tripas e ovos moles!

Este país à beira mar plantado, tem cerca de 943 Km de costa, na sua grande maioria, para mim completamente desconhecida!

A leitura avulsa de artigos sobre lazer em algumas revistas da especialidade também terão contribuído para me aguçar o apetite e arquitectar esta “voltinha” pela nossa costa atlântica!

O percurso, há muito idealizado, acompanhou o oceano, num traçado plano, maioritariamente por ciclovia e que se viria a revelar um deleite para os sentidos.
A insólita capela do Senhor da Pedra, na praia com o mesmo nome, construída sob grande rochedo, que forma uma ilha quando a maré está cheia, de paragem obrigatória.
Os passadiços da barrinha de Esmoriz, que faz parte da rede Natura 2000, transportaram-nos, ao longo de cerca de 8 Km, através de um percurso circular em volta da Lagoa de Paramos, por peculiares pontes e passadeiras de madeira de onde podemos observar centenas de patos em constantes mergulhos, completamente indiferentes à nossa passagem.
Depois de Esmoriz, o percurso correu, através de ciclovia, paralelo à EN, em plena Mata Nacional, onde o mar se perdeu de vista e que se haveria de estender até ao Furadouro e se viria a revelar um regalo para os olhos.
O itinerário prolongar-se-ia até à Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, um espaço natural protegido, numa experiência unica que incluiu o transbordo no ferry “Cale de Aveiro”, que a troco de 2,05 € nos haveria de transportar para a outra margem do braço da Ria, até ao Forte da Barra e cuja travessia se operaria em cerca de 15 minutos.
Pelo meio, uma visita ao Festival do Bacalhau, a decorrer no renovado Jardim Oudinot, bem junto ao Navio-Museu Santo André, na Gafanha da Nazaré, Ílhavo e onde o fiel amigo foi rei durante cinco dias.
Imperdível também a passagem pelo porto de pesca longínqua ou de largo, onde se encontra a totalidade da frota nacional de navios bacalhoeiros. Local de lágrimas e alegrias, baluarte da indústria bacalhoeira nacional, que me causa sempre alguma preplexidade.
Os segredos da produção de sal marinho fomos encontrá-los nas salinas localizadas nas margens da Ria, nas fraldas da cidade de Aveiro.
“Volta” que terminaria junto à velhinha estação (ferroviária) de Aveiro, em obras de restauro, cuja fachada principal está decorada com painéis de azulejos da Fabrica da Fonte Nova, datados de 1916 e que retratam cenas e personagens regionais, de visita obrigatória.

O dia terminou com GPS a indicar 90 Km.

943 Km de costa e tanto para descobrir!

Um pequeno desabafo:

Em Aveiro, adquiridos os bilhetes, dirigimo-nos para o cais de embarque onde aguardaríamos pelo comboio que nos haveria de levar até ao Porto (Campanhã).
Entrados no comboio acondicionámos as bicicletas como podemos e sentámo-nos.
Em Cacia entrariam mais quatro bicicletas (citadinas) cujos utilizadores pretendiam deslocar-se até ao Marco (de Canavezes).
Haveria ainda de entrar mais um utilizador da bicicleta, com quem haveríamos de acabar a viagem em animada conversa.
Nos comboios suburbanos o transporte da bicicleta é gratuito todos os dias e em todos os horários, no entanto, os mesmos não estão minimamente preparados para acondicionar bicicletas, pelo que se aconselha o uso de um esticador de forma a evitar que se desloquem de forma indesejada.
Mas se entre todos nos fomos entendendo, o mesmo não aconteceu com o revisor, que já próximo do local de destino, nos abordou e veemente protestou da forma como estavam arrumadas as bicicletas e os ânimos só não ficaram mais exaltados porque houve algum tento na língua da nossa parte.

Fez-me lembrar os cães, que vão largando o seu odor através da urina como forma a marcar o “seu” território.


Algumas imagens:

































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