sábado, 13 de agosto de 2016

A SANDES DA CARINA - VERSÃO 2016



Longe da melhor forma física e com uns bons quilinhos a mais, registo que encarei esta “voltinha” pelo Parque Natural da Serra da Estrela com toda a calma do mundo.
Valeram-me as redutoras para alcançar a nascente do Mondego e o quiosque do “Ti Branquinho”.
Percurso previamente idealizado pelo Carlos Russo, que se viria a revelar algo durinho.
No final da volta o meu GPS indicava uns simpáticos 70 Km, com um acumulado de subida de 2 242 m.
A alvorada aconteceu pelas 6,00 horas, de forma a permitir que estivéssemos em Valhelhas pelas 8,00 horas, onde viríamos a sentir algumas dificuldades em arranjar estacionamento para as viaturas por motivo de mercado local.
Não nos restou outra alternativa senão recorrer a parqueamento pago. Algo estranho para uma pequena aldeia do interior mas justificado com a forte afluência de banhistas e campistas à praia fluvial local e que nos viria a conferir direito a um “bónus” no acesso à dita praia no final do dia.
Algum desacerto na saída. Uns minutos perdidos com o café matinal e muitos outros para substituir o pneu da roda traseira da bike do Luís que teimava em não segurar o ar!
Seriam 9,20 horas quando  conseguimos largar amarras!
De Valhelhas, sempre em ascendente, alcançámos a mata do Fragusto, onde reabastecemos de água fresca, seguindo-se passagem pelo Cabeço da Azinha, de onde se obtém larga vista panorâmica sobre o Vale de Manteigas e surge destacada a pista artificial de esqui do Sameiro e todo o Vale Glaciar do Zêzere. É, de facto um dos grandes miradouros naturais da Serra, também usado como rampa de lançamento\descolagem de parapente.
Seguindo-se passagem por trilho paralelo ao Corredor dos Mouros, em direcção à capela de S. Lourenço, onde era dia de romaria.
O Corredor dos Mouros fica a dever o nome à extensa cumeada constituída por afloramentos quartzíticos. É um dos locais mágicos da Serra por onde ainda não passei. A rota está idealizada faltando apenas concretizá-la.
Depois da capela de S. Lourenço entrámos na imponente mata com o mesmo nome.
Mergulhar no interior da densa floresta de faias e castanheiros da mata de S. Lourenço, plantada no início do Séc. XX e onde os raios do sol mal conseguem penetrar é como viajar noutra dimensão.
Na Cruz das Jugadas aproveitámos p/ encher os cantis de água, da mais pura que a Serra tem para oferecer!
Depois foi penar até à Pousada de S. Lourenço, e dali até à nascente do Mondego, onde finalmente se verificou um intervalo para descansar as pernas e degustar as famosas sandes da D. Judite (Ti Branquinho).
Estavam resolvidos os primeiros 35 Km do dia, na sua quase totalidade em ascendente!
Depois de bem “comidos” e melhor hidratados encetámos o retorno a Manteigas pela Carvalheira. Onde a vertiginosa descida, maioritariamente constituída por antiga calçada romana e à qual se acede saindo na direcção do Observatório Meteorológico das Penhas Douradas, permite vista privilegiada sobre a vila.
Até ao Poço do Inferno seguimos por asfalto. Serão cerca de 10 Km, sempre em pendente ascendente.
Algum desacerto no trilho que nos haveria de conduzir até à rampa de lançamento de parapente de Vale de Amoreira.
Brutal e desconcertante o singletrack que se seguiu à rampa e que nos haveria de deixar extasiados, terminando sobre a ponte que une as duas margens do Zêzere em Vale da Amoreira.
Adrenalina da pura!
(Aqui ou amas ou detestas. Se amas, curtes e gritas de prazer. Se detestas, fazes uso de toda a linguagem vernacular que conheces e ainda insultas o gajo que te trouxe para este atalho!)
A partir de Vale da Amoreira e até Valhelhas seguimos pela EN.
Depois de arrumado todo o equipamento seguimos até à praia fluvial onde tomámos revigorante banho no rio e aviámos umas meias doses de caracóis, envoltos numas “jarras” de cevada liquida.

O dia terminou em grande, na “Taberna A Laranjinha”!

São dias como este que eternamente me prendem à bicicleta!

Vêm-se notando algum empenho por parte das autarquias locais, especialmente dos municípios, na criação de percursos, sejam PR ou GR, como forma de divulgação e promoção dos seus territórios. E o de Manteigas não é excepção. Oferece uma série de percursos e possui até um centro de BTT, mas depois são incapazes de potenciar a sua utilização. O Centro de BTT de Manteigas está encerrado e os trilhos denotam desleixo e ausência de manutenção. Investem-se milhares de euros nestas infraestruturas, que  se deixam depois ao abandono.
Confesso que tenho alguma dificuldade em entender estes "gestores" públicos!


P.S. E não é que desta vez foi mesmo a Carina que nos serviu as "sandochas"!


 Gráfico de altimetria (já depois de editado):
 

Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui


Algumas imagens:

 (Valhelhas - pormenor da torre sineira)









(Mata de S. Lourenço)


(Manteigas - Panorâmica)


(Vale Glaciar do Zêzere)


 (Nascente do Mondego)


 (A sandocha da D. Judite)






 (Poço do Inferno)


 
(Rampa de lançamento de parapente de Vale de Amoreira)