As populações raianas, do lado de
cá da fronteira, chamam a este monte a Serra da Enxalma.
A origem etimológica do termo
(Xálima, Xálama, Xalamas, Jálama) parece derivar da divindade vetã Xalmas, pré-romana, que habitava estas montanhas e deus das águas.
Com os seus 1500 m de altitude é o monte mais emblemático da Serra da Gata. Aqui se dividem as águas que formam as torrentes do Douro, a norte, e do Tejo, a
Sul
Declarado de utilidade pública
está, ainda, integrado no “Espacio Natural el Rebollar” que é o equivalente à
nossa Reserva natural da Serra da Malcata, com a qual faz confluência.
De 1916 a 1975 aqui se
verificou intermitente mas intensa actividade mineira na exploração de estanho
e volfrâmio. A sua extracção era feita com recurso a explosivos e posterior
trituração. Daí a grande quantidade de escombreiras visíveis.
Foi, pois, dentro deste
emblemático espaço que se desenvolveu a nossa aventura do passado Domingo
Idealizada pelo João Luís Monteiro
e promovida através da rede social Facebook o ponto de encontro seria na raiana
Aldeia do Bispo (Sabugal) de onde saímos, em direcção a Navasfrias e El Payo,
por onde foi feita a abordagem ao pico de Jálama.
A poderosa subida até ao topo fez-se
em ziguezague, por largo estradão até um pouco mais acima da torre de vigia de
incêndios.
À medida que vamos subindo os
horizontes vão-se alargando, a nascente e norte por terras castelhanas e a
poente por terras de Portugal. O topo é o lugar onde o céu e a terra se tocam,
altar dos deuses vetões, de onde Xalmas faz brotar águas que escorrem pelas encostas precipitando-se, por vezes, em cascatas até profundos vales.
Depois de recuperado o folgo é hora
de apreciar a paisagem, fazer as fotos da praxe e encetar o retorno.
A descida, íngreme e extremamente
técnica, em direcção ao miradouro, é feita com cuidados redobrados, seguindo-se
um pouco de corta-mato até acertarmos, de novo, com o trilho que nos haveria de
conduzir ao “Caminho das Minas”, autentico miradouro natural e de onde nos é
oferecida brutal paisagem.
Nas encostas viradas a sul
predomina a urze, a giesta e a carqueja, que nesta época do ano lhes conferem uma
imensidão de tonalidades lilás e amarelos que impressionam.
Nas encostas viradas a nascente
predominam os tons de verde proporcionados pelo carvalho mediterrânico.
O trilho idealizado levar-nos-ia a
passar por San Martin de Trevejo, onde entraríamos na PR CC 184, que faríamos
em sentido ascendente, até Puerto de Santa Clara, a 1020 m de altitude, na
confluência dos limites das províncias de Cáceres e Salamanca e grande parte
dela coincidente com trechos de calçada medieval e sempre de baixo de frondosa mata
de castanheiros. Porém, por motivos de avaria numa
das montadas, acabaríamos por seguir directamente por “carretera” até Aldeia do
Bispo - ponto de partida\chegada. 19 Km algo monótonos mas
reconheço que foi a decisão mais sensata.
Em Aldeia do Bispo fomos
principescamente tratados. Banhos em casa de turismo rural e almoço em restaurante local.
Esta foi (apenas) a primeira de uma
trilogia!
Resumo do dia:
Distancia percorrida: +/- 55 Km
Acumulado de subida: 1394 m
Acumulado de descida: 1389 m
Velocidade média: 13 Km/h
Gráfico de altimetria
Algumas imagens:
(O grupo - e o rebelde - em Aldeia do Bispo)
(À saída de Navasfrias)
(Chegando a El Payo - ao fundo o pico de Jálama)
(Em direcção ao topo do Jálama)
(No pico de Jálama)
(Descendo...)
(O caminho faz-se ... caminhando!)
(Caminho das Minas)
(Caminho das Minas - cascata)
(Troço do "Caminho das Minas")
(Panorâmica do Caminho das Minas)
(A caminho do banho - Aldeia do Bispo)
(Intervalo para geocaching!...)
Nota: Podem visualizar ou descarregar o TRACK aqui
(O trilho marcado a lilás é o coincidente com a PR CC 184 - que não fizemos - mas que também se disponibiliza)