Vou tendo cada vez menos tempo disponível para a bicicleta e isso reflecte-se
na manutenção do blog.
Ao chegar ao Côa surpreendido com os avultados estragos provocados
pela instabilidade meteorologia e consequentes trovoadas, que nos últimos dias tão severamente têm fustigado a zona e onde o calor já se fazia sentir de forma bem intensa, como que fazendo antever o que seria o dia velocipédico.
Na Mêda o dia começou com a degustação de umas rabanadas, gentilmente oferecidas pela sogra do Carlos Mata e que se viriam a revelar deliciosas, como acompanhamento ao café da manhã.
Após Marialva sentimos de forma dura e violenta a fragilidade humana dos espaços rurais: Uma
idosa barrou-nos a passagem, gritando a plenos pulmões que aquilo era
propriedade privada.
Após “duras” negociações e mútuas cedências lá conseguimos desbloquear
a situação!...
Avançámos, mas por um caminho alternativo proposto e não por onde tínhamos planeado.
A idade avançada, o isolamento e o abandono, associado a algum
maltrato fazem com que todo o estranho seja recebido de pedra na mão, com a mais profunda desconfiança.
Nestes encontros o mais difícil é a primeira abordagem, porque depois reflectem todas as
fragilidades que as assolam.
Arrancar-lhe um sorriso foi meio caminho andado p/ o êxito das “negociações”!
Já depois da passagem pelos Cótimos "perdi-me" com o abandonado lagar de
azeite sobre a ribeira com o mesmo nome e que merecia melhor destino.
A grande maioria dos passantes nem deu conta da sua existência!
Situado a uma cota de 890 metros, Trancoso impõe-se na paisagem e
alcançá-lo não se viria a revelar tarefa fácil.
Dentro do burgo vimo-nos envolvidos em toda a animação (de época) das “Bodas
Reais” que pretende recriar e rememorar o enlace matrimonial de El-Rei D. Dinis e Isabel de
Aragão, aqui celebrado a 26 de Junho do ido ano de 1282, e à qual nos
associámos.
Regressar à Mêda é que se viria a revelar tarefa difícil: Bem comido e bem bebido, o corpo a pender para a inércia e o sol a zurrar na perpendicular a última coisa que me apetecia fazer era mesmo pedalar.
Vencido o ócio e as dificuldades iniciais, os trilhos voltariam a exibir-se ao melhor nível.
No final do dia o saldo viria a revelar cerca de 75 Km para um
acumulado de subida a rondar os 1 500 metros, por intensos trilhos.
Um grande bem-haja ao pessoal de Mêda que tão bem nos soube receber!
Algumas imagens: