O Penedo Durão e toda a sua envolvente, formada pelas Calçadas de Alpajares e da Santa Ana, têm andado arredados dos meus circuitos “bttisticos”. Já nem me consigo lembrar da última vez que por aqui passei.
Aconteceu no passado Domingo (21/06) a insistência da rapaziada de Moncorvo e com a colaboração do Carlos Tavares, de Freixo de Espada à Cinta.
O Penedo Durão é dos locais mais emblemáticos do PNDI – Parque Natural do Douro Internacional. Medonho, debruça-se, em precipício, a centenas de metros, sobre o Douro e a Barragem de Saucelle, aproveitamento hidroeléctrico espanhol, em funcionamento desde 1956, e a foz do Huebra.
Daqui conseguimos visualizar o dorso dos grifos, voando abaixo de nós.
O caminho a poente, sob a cumeada, leva-nos até ao “Assomadouro”. Aqui a vista é inolvidável. Lá ao fundo Barca de Alva e a foz do Águeda, mais próximo a Ribeira do Mosteiro, pequeno afluente do Douro, rodeadas por boleados e xistosos terrenos e pelas peculiares quintas durienses, envolvidas em vinhas novas, ancestrais olivais e, ponteadas aqui e ali, por amendoais e laranjais, que nos transmitem uma breve e harmoniosa nota mediterrânica.
O vale estrutural da Ribeira dos Mosteiros alberga um conjunto paisagístico e patrimonial que, por muito que nos esforcemos, não conseguimos avaliar por fotografia. Aqui só visto. É um assombro o que se vê. Local disforme, emparedado por entre gigantescos penedos quartziticos e a profunda e estreita garganta formada pela ribeira, cujas dobras e falhas fazem as delicias dos geólogos. Aqui o silêncio chega a ser incómodo.
Há até quem diga que o fraguedo contorcido é obra de Deus ou do Diabo. Eu costumo dizer que aqui trabalharam em conjunto, tal a magnitude da obra feita!
O inesperado acontece quando deixamos a aldeia de Poiares e alcançamos a calçada de Alpajares, por aqui também conhecida por calçada do Diabo, cujo acesso se pode também fazer a partir da Ribeira do Mosteiro, na confluência com a Ribeira do Brita, seguindo o percurso sinalizado, até alcançar as ruínas do castro de São Paulito, próximo a um pombal, entretanto convertido em casa de arrumos e onde é possível apreciar algumas sepulturas antropomórficas (que só agora descobri).
De traçado ziguezagueante, construída em singulares lacetes, transporta-nos para o Portugal selvagem, rude e esotérico.
O vale da Ribeira do Mosteiro constitui um dos ex-líbris nacionais em termos geológicos, paisagísticos e ecológicos do Portugal esquecido.
Desta vez não visitamos a calçada da Santa Ana, quanto a mim, ainda mais imponente que a de Alpajares. Fará parte de um próximo roteiro.
(Miradouro do Penedo Durão)
(Assomadouro)
(Sepulturas antropomórficas - Castro de S. Paulito)
(Calçada de Alpajares)
(Ribeira do mosteiro - Ponte das Alminhas e troço da Calçada de Santa Ana)