“Ó vós que ides passando, lembrai-vos das almas que estão penando”
Este axioma inserto num painel de
azulejos colocados no interior do nicho existente na Rua da Albergaria, em
Escarigo, nas proximidades da Igreja Matriz, em pedra embutida, ricamente
decorado com três vieiras em relevo, indica-nos, de forma inequívoca, que
estamos na rota de um Caminho de Santiago. Não sendo muito comum vamos, no
entanto, encontrando outros de igual teor em castelhano.
Nos dias que correm peregrina-se,
sobretudo, por espírito de aventura a que se poderá juntar, ou não, a motivação
religiosa.
Mas em tempos idos também se
peregrinava para ganhar indulgências, para fazer penitência e, até, por
encomenda e em nome de alguém que não o podia fazer.
Também se peregrinava em
cumprimento de condenação, daí o adágio.
Na extensa área delimitada a
nascente pelo rio Águeda e a poente pelo rio Côa, onde está inserido o concelho
de Figueira de Castelo Rodrigo os peregrinos, vindos de Castela, faziam a sua
entrada em solo português, essencialmente, por Escarigo de onde seguiam até
Castelo Rodrigo, com passagem por Almofala.
Não sei se já se aperceberam de umas
setas amarelas recentemente pintadas\colocadas por um grupo auto intitulado de
“Amigos dos Caminhos de Santiago” e que têm o seu início exactamente junto à
igreja matriz de Figueira e tentam encaminhar os potenciais peregrinos em direcção a
Espanha, até Ciudad Rodrigo e daqui até Salamanca, de encontro à “Via de la Plata ”.
Marcações que enfermam de total ausência de rigor
histórico-cultural pois nunca os peregrinos se deslocavam em sentido contrario ao "movimento" do Sol e a Compostela e que só pode ser interpretado como má formação e oportunismo.
Nem sei se já houve alguma alma dada
a peregrinar seguindo tais marcações!
Em território espanhol é muito
fácil “peregrinar” pois os “Caminhos” estão muito bem sinalizados com as
famosas setas amarelas e vieiras, símbolos máximos das rotas jacobitas, para
além da existência de albergues que, a preços muito simbólicos, dão acolhimento
e pernoita aos peregrinos.
Em Portugal está muito bem
marcado o “Caminho Central” que tem o seu início em Lisboa junto à Sé Catedral,
prosseguindo até ao Porto, Barcelos, Ponte de Lima, Valença, Tui, Redondela e
Pontevedra.
A norte do Porto já se vão
encontrando alguns albergues, tais como em S. Pedro de Rates, Barcelos e Ponte de Lima.
Para os (eventuais) corajosos que
se sintam com vontade de iniciar a sua “viagem” em Figueira o melhor caminho é
mesmo prosseguir em direcção a Almeida ou Pinhel onde podem encontrar as setas
amarelas do “Caminho de Torres” que os encaminhará por Trancoso, Sernancelhe,
Moimenta da Beira, Lamego, Régua, Mesão Frio, Amarante, Guimarães, Braga, Ponte
de Lima, indo entroncar no Caminho Central Português.
Na Régua surge ainda a
possibilidade de seguir as marcas do Caminho do Interior, que tem início em
Viseu e prossegue em direcção a norte, com passagem por Peso da Régua, onde
cruza o Douro, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar,
Chaves, entrando em território galego em direcção a Orense, onde vai acertar no
Caminho Sanabrês.
Ultreya, Useya!
(Nicho - Rua da Albergaria, Escarigo)
(Antigo albergue de peregrinos - Escarigo)
(Cruzeiro do Roquilho - Almofala)
Não fazia ideia que F.C.Rodrigo estava no trilho dos Caminhos de Santiago.
ResponderEliminarHá algum tempo atrás encontrei placas bem recentes em Vale da Coelha (Almeida), mas não consegui encontrar suficientes para tirar conclusões. Farão parte do mesmo caminho?
Paulo: Figueira C. Rodrigo não está no trilho dos Caminhos de Santiago. Apareceram umas marcas (setas amarelas) que têm o seu inicio extamente na Igreja Matriz e que tentam conduzir os potenciais peregrinos até Espanha. Estas marcas existem por todas as aldeias que fazm frontreira com Espanha. O mesmo acontecendo no concelho de Almeida. São uma vergonha. Pena que ninguem tenha impedido isto.
EliminarO "Caminho de Torres", que tem inicio em Salamanca, entra em Portugal por Vale da Mula e prossegue até Almeida, Pinhel, Trancoso, ...
O pessoal de Almeida já o fez, na sua totalidade e só diz maravilhas.
Então é mesmo uma acção concertada, para tirar gente dos trilhos que atravessam Portugal. Vá-se lá perceber o porquê... é um pena.
ResponderEliminarA última vez por Santiago já foi em 2013, e começam umas ganas de voltar a calcorrear os caminhos. Um dia destes volto a sair de bike por um desses trilhos que apontam para Santiago e atravessam o nosso distrito.
Carlos daqui fala um Coelho, mas não o camarada Paulo.
Compreendo perfeitamente a confusão, os Coelhos são pior que chineses, estamos por todo o lado!
Abraço e boas pedaladas!