Este país à beira mar plantado, tem cerca de 943 Km de costa, na sua
grande maioria, para mim completamente desconhecida!
A leitura avulsa de artigos sobre lazer em algumas revistas da
especialidade também terão contribuído para me aguçar o apetite e arquitectar esta “voltinha” pela nossa costa atlântica!
O percurso, há muito idealizado, acompanhou o oceano, num traçado
plano, maioritariamente por ciclovia e que se viria a revelar um deleite para
os sentidos.
A insólita capela do Senhor da Pedra, na praia com o mesmo nome,
construída sob grande rochedo, que forma uma ilha quando a maré está cheia, de paragem obrigatória.
Os passadiços da barrinha de Esmoriz, que faz parte da rede Natura
2000, transportaram-nos, ao longo de cerca de 8 Km, através de um percurso
circular em volta da Lagoa de Paramos, por peculiares pontes e passadeiras de
madeira de onde podemos observar centenas de patos em constantes mergulhos,
completamente indiferentes à nossa passagem.
Depois de Esmoriz, o percurso correu, através de ciclovia, paralelo à EN, em plena Mata
Nacional, onde o mar se perdeu de vista e que se haveria de estender até ao
Furadouro e se viria a revelar um regalo para os olhos.
O itinerário prolongar-se-ia até à Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, um espaço natural protegido, numa experiência unica que incluiu o transbordo no ferry “Cale de Aveiro”, que a troco de 2,05 € nos haveria de
transportar para a outra margem do braço da Ria, até ao Forte da Barra e cuja
travessia se operaria em cerca de 15 minutos.
Pelo meio, uma visita ao Festival do Bacalhau, a decorrer no renovado
Jardim Oudinot, bem junto ao Navio-Museu Santo André, na Gafanha da Nazaré, Ílhavo
e onde o fiel amigo foi rei durante cinco dias.
Imperdível também a passagem pelo porto de pesca longínqua ou de largo,
onde se encontra a totalidade da frota nacional de navios bacalhoeiros. Local
de lágrimas e alegrias, baluarte da indústria bacalhoeira nacional, que me causa sempre alguma preplexidade.
Os segredos da produção de sal marinho fomos encontrá-los nas salinas localizadas
nas margens da Ria, nas fraldas da cidade de Aveiro.
“Volta” que terminaria junto à velhinha estação (ferroviária) de
Aveiro, em obras de restauro, cuja fachada principal está decorada com painéis de
azulejos da Fabrica da Fonte Nova, datados de 1916 e que retratam cenas e
personagens regionais, de visita obrigatória.
O dia terminou com GPS a indicar 90 Km.
943 Km de costa e tanto para descobrir!
Um pequeno desabafo:
Em Aveiro, adquiridos os bilhetes, dirigimo-nos para o cais de embarque onde
aguardaríamos pelo comboio que nos haveria de levar até ao Porto (Campanhã).
Entrados no comboio acondicionámos as bicicletas como podemos e
sentámo-nos.
Em Cacia entrariam mais quatro bicicletas (citadinas) cujos
utilizadores pretendiam deslocar-se até ao Marco (de Canavezes).
Haveria ainda de entrar mais um utilizador da bicicleta, com quem
haveríamos de acabar a viagem em animada conversa.
Nos comboios suburbanos o transporte da bicicleta é gratuito todos os
dias e em todos os horários, no entanto, os mesmos não estão minimamente
preparados para acondicionar bicicletas, pelo que se aconselha o uso de um
esticador de forma a evitar que se desloquem de forma indesejada.
Mas se entre todos nos fomos entendendo, o mesmo não aconteceu com o
revisor, que já próximo do local de destino, nos abordou e veemente protestou da
forma como estavam arrumadas as bicicletas e os ânimos só não ficaram mais
exaltados porque houve algum tento na língua da nossa parte.
Fez-me lembrar os cães, que vão largando o seu odor através da urina
como forma a marcar o “seu” território.
Algumas imagens:
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